Campanha contra o racismo na Itália usou imagens de macacos
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Campanha contra o racismo na Itália usou imagens de macacos

Menos de três semanas depois de os clubes italianos se comprometerem a combater o racismo no futebol, uma campanha promovida pela Liga Italiana está sendo acusada de racista. No material divulgado nesta segunda-feira, que será exposto na sede da entidade em Milão, três pôsteres mostram três macacos com rostos pintados e a frase "Não ao Racismo".

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A campanha da Série A italiana utiliza pinturas do artista plástico Simone Fugazzotto e foi criticada por entidades que combatem o racismo .

-Mais uma vez, o futebol italiano deixa o mundo sem palavras. É difícil entender o que a Série A estava pensando, quem eles consultaram? Em um país em que as autoridades falham em lidar com o racismo semana após semana, a Série A lançou uma campanha que parece uma piada de mau gosto - afirmou a Fare Network, organização que luta pela igualdade no futebol italiano, ao site inglês BBC.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, o artista Simone Fugazzotto, que sempre usa macacos em seu trabalho, explicou a utilização dos animais numa campanha antiracismo.

-Decidi retratar macacos para falar sobre racismo porque eles são a metáfora dos seres humanos. No ano passado, eu estava no estádio para assistir Inter x Napoli (uma partida em que o zagueiro do Napoli Kalidou Koulibaly sofreu ofensas racistas ) e me senti humilhado. Todo mundo estava gritando 'macaco' para Koulibaly, um jogador que eu respeito - afirmou o artista, acrescentando. - Eu sempre pintei macacos nos últimos cinco a seis anos, então pensei em fazer esse trabalho para ensinar que somos todos macacos. Fiz o macaco ocidental com olhos azuis e brancos, o macaco asiático com olhos em formato de amêndoa. E o macaco preto posicionado no centro, de onde tudo vem. O macaco se torna a centelha para ensinar a todos que não há diferença, não há homem ou macaco, somos todos iguais. Somos todos macacos.

Campanha da Serie A contra o racismo
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Campanha da Serie A contra o racismo

A campanha da Série A italiana surge após uma sequência de casos de racismo em estádios do país. Mês passado, o atacante Mario Balotelli, do Brescia, ouviu ofensas racistas e chamou os torcedores de "mesquinhos" e "imbecis".

Em setembro, Romelu Lukaku, da Inter de Milão, marcou um gol de pênalti sobre o Cagliari e os torcedores do time rival imitaram sons de macaco. Em resposta, o jogador disse que o futebol estava dando um passo para trás. O clube da Sardenha foi absolvido de cânticos racistas.

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No início de dezembro, o jornal italiano Corriere dello Sport foi criticado pela manchete 'Black Friday'. O título aparecia ao lado das fotos do zagueiro da Roma Chris Smalling e de Lukaku, da Inter, antes de uma partida entre os dois lados.

O diretor-executivo da Série A, Luigi de Siervo, defendeu que a entidade está trabalhando no combate ao racismo.

- O compromisso da Liga contra todas as formas de preconceito é forte e concreto, sabemos que o racismo é um problema endêmico e muito complexo, que abordaremos em três níveis diferentes; o cultural, através de obras como as de Simone; a esportiva, com uma série de iniciativas em conjunto com clubes e jogadores, e a repressiva, em colaboração com a polícia - disse ele na entrevista coletiva.

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