
Um dia depois da histórica goleada de 6 a 0 sofrida para o Fluminense, Julio Casares, presidente do São Paulo, deu uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (28), no CT da Barra Funda.
Durante o encontro com a imprensa, o mandatário comentou os pedidos internos por uma renúncia, mas negou a possibilidade de deixar o cargo antes do final previamente estabelecido.
"Me sinto parte integrante deste momento. A responsabilidade é coletiva: do presidente, da diretoria, da comissão técnica e dos atletas. Em segundo lugar, eu tenho mandato. Acho normal a oposição fazer uma colocação política em um processo democrático. Hoje recebi apoio da coalizão, de membros da situação", disse Casares.
Além de negar a renúncia, o presidente também afirmou que o Tricolor deve fechar a atual temporada com um "belo balanço financeiro", o que possibilita um 2026 "competitivo".
"Tenho sim, caminhos, tudo indica que faremos um belo balanço financeiro, o que nos dá envergadura para ter um ano de 2026 como foi no passado, com competitividade", revelou o dirigente.
Na reta final da coletiva, Casares voltou a ser questionado sobre uma possível denúncia. Desta vez, ele deu detalhes sobre os bastidores do time do Morumbi, além de expor o foco da diretoria são-paulina.
"Isso é um processo político. Em ano eleitoral, é normal este processo. Eu reafirmo que tenho todos os grupos da coalizão unidos, e nós, hoje, conversamos, eu não tomaria nenhuma decisão sem entender o quadro político. Então nós entendemos que é um processo político, a oposição tem um papel, a situação tem outro. Não cabe a mim falar de sucessão, cabe a mim trabalhar, como estou fazendo, para preparar um 2026 competitivo, com força. Para isso, ficamos felizes com a permanência do Rui (Costa), que era um profissional pretendido por outros clubes, e com o Muricy (Ramalho), que tem sido muito importante", iniciou.
"A liberdade de opinião é colocada por todos: torcedores, membros da imprensa... Acreditamos que, com um trabalho sério, podemos mudar isso. E é nisso que estamos focados. O foco é diminuir a dívida, ter superávit e um time competitivo. É um equilibrio difícil? É, mas estamos trabalhando neste sentido", afirmou.
Pedido por renúncia
Conselheiros do São Paulo protocolaram nesta sexta-feira um pedido de renúncia de Julio Casares da presidência da equipe. O documento foi assinado por 41 membros do CD (clique aqui e leia).
O texto cita, além da péssima situação desportiva, atos cometidos pela administração que seriam caracterizados como gestão temerária e responsáveis pelo endividamento do clube.
Vexame
O São Paulo foi goleado por 6 a 0 pelo Fluminense na última quinta-feira (27), no Maracanã, em partida válida pela 36ª rodada da edição de 2025 do Campeonato Brasileiro.
O confronto direto por uma vaga na próxima Libertadores representou a pior derrota do Tricolor Paulista desde novembro de 2001, quando perdeu para o Vasco, em São Januário, por 7 a 1, também pelo Brasileirão.
Após a acachapante derrota, Luiz Gustavo, veterano volante que defende o Soberano, desabafou, apontando diversos problemas na atual gestão do clube.
"Infelizmente a gente tem que começar a falar a verdade. As pessoas têm que começar a assumir algumas situações que nós (jogadores) estamos aqui fora, botando a cara. A culpa é nossa, nós jogadores que fizemos a m... que fizemos hoje".
"O São Paulo merece, de uma vez por todas, começar a ter uma direção, um plano claro, o que queremos do início ao fim de uma temporada, e o que queremos como pessoas aqui nesse clube. Eu não sei o que eu vou fazer na minha vida, pouco importa, mas eu vou sair de cabeça erguida, sendo honesto e sincero".
"Tá na hora do São Paulo começar a colocar as caras quem tem que colocar, assumir responsabilidades. Todo mundo tem responsabilidade. Assumir de cima pra baixo, pra que esse clube possa realmente voltar a ser alguma coisa grande no futebol".
"Eu aprendi na minha vida quando eu erro, eu venho aqui, falo, peço desculpa, reflito o que eu tenho que fazer e melhoro. Eu cheguei no clube faz dois anos, mas tem pessoas muito mais tempo que eu, que estão vivendo a mesma situação, a mesma situação e não dá mais. Acabou. Eu sou vivo, eu sou uma pessoa que vivo para melhorar, para evoluir e espero que esse clube, um clube apaixonante, um clube gigante, muito maior do que qualquer um que está aqui. Mas precisa realmente que as pessoas botem os pingos no is para que isso aqui continue a evoluir como todos esperam", disse Luiz.
Saídas
No dia seguinte ao resultado vexatório, o São Paulo, por meio de uma nota oficial publicada nos perfis do clube nas redes sociais, anunciou a saída de alguns dirigentes, como Carlos Belmonte.
"O São Paulo Futebol Clube informa que Carlos Belmonte Sobrinho, Nelson Marques Ferreira e Fernando Bracalle Ambrogi deixam de ter suas atribuições no departamento de futebol. O executivo Rui Costa e o coordenador Muricy Ramalho seguem no comando do futebol e planejamento para 2026".