MP recorre contra absolvição dos réus pelo incêndio do Ninho

A decisão vem após a instituição considerar a existência de incongruências e contradições na sentença

MP recorre contra absolvição dos réus pelo incêndio do Ninho
Foto: Reprodução
MP recorre contra absolvição dos réus pelo incêndio do Ninho

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) divulgou nesta segunda-feira (10) que recorreu da decisão que  absolveu os sete réus acusados do crime de incêndio no Ninho do Urubu.

Segundo a nota, o incêndio foi resultado direto de uma cadeia de negligências e omissões cometidas por dirigentes, engenheiros e responsáveis técnicos, que tinham dever legal e contratual de zelar pela segurança do alojamento. A tragédia vitimou dez adolescentes e outros três tiveram lesões corporais graves, todos atletas que estavam alojados no local.

O recurso pede a condenação de Antonio Marcio Mongelli Garotti, Cláudia Pereira Rodrigues, Danilo da Silva Duarte, Edson Colman da Silva, Fábio Hilário da Silva, Marcelo Maia de Sá e Weslley Gimenes pelo crime de incêndio culposo qualificado.

Ainda segundo o MPRJ: "os responsáveis pelo CT Ninho do Urubu tinham o dever de fornecer alojamentos adequados e regularizados, com material antichamas, saídas de emergência adequadas, manutenção correta dos aparelhos de ar-condicionado e número suficiente de monitores para garantir a segurança e integridade dos adolescentes."

Por fim, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, diz que o recurso apontou a existência de incongruências e contradições que constam na sentença. Assim, buscando reverter a decisão de absolvição dos acusados.

Relembre o caso

O incêndio ocorreu em 2019, enquanto 26 jogadores das categorias de base dormiam em alojamentos instalados dentro de contêineres. As investigações apontaram suspeita de curto-circuito em um ar-condicionado que permanecia ligado 24 horas. O material das estruturas facilitou a propagação das chamas. Na época, o CT não possuía alvará de funcionamento.

Até que em outubro deste ano, a Justiça do Rio de Janeiro absolveu, em primeira instância, os sete réus acusados pela tragédia. A decisão, proferida pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital, considerou improcedente a denúncia do Ministério Público estadual e determinou o arquivamento do processo, que tramitava desde janeiro de 2021.

A decisão não foi aceita pelos familiares dos jogadores, que protestaram contra a absolvição. A Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (Afavinu) tratou o caso como uma "grave afronta", e afirmou que lutará até o final por justiça e pela memória dos jovens atletas que sonhavam em ser jogadores de futebol.