Diversos endereços na cidade de São Paulo estariam ligados a empresas que, de acordo com a polícia, formam um esquema de lavagem de dinheiro no contrato de patrocínio do Corinthians.
Em março, o time paulista fez dois depósitos de R$ 700 mil para a Rede Social Media Desing, que tem como dono Alex Fernando Sodré, também conhecido como Alex Cassundé. Ele trabalhou em uma das campanhas de Augusto Melo à presidência da equipe paulista.
Após receber os pagamentos, a rede realizou duas transferências com destino a conta de outra empresa, a Neoway Soluções Integradas. Além da movimentação, a documentação consta que o endereço da Neoway fica na Avenida Paulista, 171, mas ninguém ouviu falar da empresa no local.
O delegado da Polícia Civil-SP, Thiago Correia, afirmou ao programa Fantástico, da TV Globo, que trata-se de uma empresa de fachada constituída em nome de uma laranja.
Em uma primeira tentativa, Claudio Salgado, advogado de Alex Cassundé, não quis esclarecer a relação entre o cliente e a empresa. Depois, admitiu que existe um contato entre Cassundé e a Neoway.
O programa Fantástico teve acesso a um documento assinado pelo advogado Claudio Salgado no qual os pagamentos feitos pela Rede Social Media Design para a Neoway seriam por serviços de telemedicina. Cassundé, seu cliente, tem negócios no ramo da saúde.
Detetives particulares
O dono da agência de detetivas, Felipe Lacerda Ferreira, teria sido contratado por Armando Mendonça, um dos vice-presidentes do Corinthians, de acordo com a polícia.
A investigação aponta que a Neoway faria parte de um grupo de empresas suspeitas de lavagem de dinheiro. No esquema, estaria envolvida também a ACJ Plataform Comercio e Serviços.
Entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024, a empresa teria recebido mais de R$ 3 milhões de outras quatro empresas. No endereço onde estaria situada a ACJ, ninguém sabia da existência da empresa.
No tempo estipulado, a ACJ distribuiu quase R$ 1,7 milhão para outras quatro empresas, sendo R$ 600 mil para a Neoway e R$ 518 mil para a THABS Gestão e Serviços, que também não funciona no endereço registrado como sede.
"A gente chegou a conclusão de que a empresa Neoway e outras empresas possivelmente coligadas a ela e talvez criadas pelo mesmo grupo criminoso, todos estejam envolvidos num grande esquema de lavagem de dinheiro, de lavagem de capitais, de ocultação de bens", explicou o delegado Thiago.
Pessoas que em dado momento apareceram como sócias também moram ou frequentam o bairro Jardim Caraminguava, em Peruíbe, uma região pobre no litoral sul de São Paulo. Tal ação seria mais um coincidência que reforça a ideia de que as empresas estariam conectadas em um esquema ilícito.
Em nota, a Vaidebet afirmou que não poderia manter a parceria enquanto o tema sobre o acordo pairasse com qualquer suspeita de relação fraudulenta e que fujam à conformidade com a ética. O Corinthians, por sua vez, afirmou que nunca teve qualquer tipo de relação com a Neoway e que desconhece os proprietários da empresa.