Felipe Silva
Exclusivo

Jô fala em aposentadoria no Corinthians e destaca desafio na Arábia

Atacante de 35 anos deu detalhes em entrevista ao iG Esporte sobre seu novo clube, o Al Jabalain

Foto: Reprodução/Instagram
Jô é o novo reforço do Al Jabalain, da Arábia Saudita

O atacante embarcou em um novo desafio na carreira. Aos 35 anos, o ex-jogador do Corinthians volta ao futebol árabe após sete anos e  vai defender ao Al Jabalain, da Arábia Saudita.


Em entrevista exclusiva ao iG Esporte, Jô abriu o jogo sobre a saída do Timão, planos pós-carreira e o rebaixamento com o Ceará para à Série B, em sua última experiência no futebol brasileiro.

No Al Jabalain, Jô terá a missão de ajudar o time saudita a conseguir o acesso à primeira divisão nacional, após bater na trave nos últimos anos. Ele afirma que o lado financeiro não pesou em sua decisão e que está motivado com o desafio.

"Depois de sete anos voltar ao mundo árabe é diferente, você adiciona sete anos a mais de idade, experiências e realmente lá requer tudo isso, porque é uma cultura muito diferente. Eles também enxergam o futebol de outra maneira, não é muito parecido como nós vemos, que a gente coloca o nosso coração e praticamente a nossa vida. Então quando você vai para o mundo árabe já tem que ir preparado para essas situações, então com uma certa idade você já consegue driblar esses percalços que tem pelo caminho. Muitos podem pensam que o mundo árabe é só para ganhar dinheiro, mas eu não, estou indo realmente pelo desafio de voltar a jogar e ajudar a equipe por lá, que nos últimos anos bateu na trave para subir à primeira divisão".

O vínculo do atacante com o Al Jabalain será por cinco meses, com opção de renovação por mais um ano. Em março, Jô completará 36 anos e admite que está mais próximo do fim da carreira. Ele não descarta pendurar as chuteiras no futebol árabe, mas vê uma volta ao Corinthians para encerrar sua passagem no futebol como uma possibilidade.

"Em julho agora completo 20 anos de carreira, mas se estiver em condições físicas e mentais, espero atuar por mais três ou quatro anos. Em qual lugar seria eu ainda não sei, é difícil você planejar ainda, mas a minha ideia obviamente desde que iniciei seria encerrar no Corinthians, porque independente de tudo que aconteceu na minha saída eu deixei sempre as portas abertas para a torcida, a maior parte tem um carinho muito grande por mim e sou muito grato ao clube. Então não tem como não pensar um dia em voltar ao clube e encerrar minha carreira lá. Mas como disse, ainda tenho um tempinho para percorrer no futebol ainda".


Confira, abaixo, outros trechos da entrevista exclusiva de Jô ao iG Esporte:

iG Esporte: Pretende continuar no futebol após encerrar a carreira? Talvez como técnico ou quem sabe um dirigente?

Jô: A maior parte das nossas vidas (jogadores) passamos dentro do futebol, então é um pouco inevitável acabar a carreira e não permanecer na área. Não penso em ser treinador, acredito que é um estágio em que você vai mergulhar novamente no futebol. Mas o que eu penso realmente é atuar nos bastidores, seja como diretor ou empresário, para organizar no extra-campo com toda experiência que tive ao longo desses anos.

iG: Falando sobre o Corinthians, você encerrou seu ciclo no Timão ano passado, em uma passagem que dividiu opiniões, mas muitos te consideram um ídolo no clube. Qual é o sentimento que fica? Se arrepende de algo na sua saída?

Jô: Eu só tenho que agradecer ao Corinthians, por tudo. Sempre falei isso e sempre vou falar. Hoje eu sou o jogador que me tornei graças ao Corinthians. Claro, me arrependo de algumas coisas que aconteceram no clube na minha última saída, talvez um pouco mais de paciência por entender o clube, por saber da pressão e tudo mais, mas muitas coisas acontecem para o nosso aprendizado, tanto para o lado bom como para o ruim. Mas de resto meu sentimento sempre será de gratidão ao clube por tudo que fez por mim. Meus números estão lá, minha história e isso ninguém vai apagar. Tenho meu nome marcado na história do time e me considero sim um ídolo, por tudo que conquistei ali. Os torcedores sempre quando me encontram me agradecem e esse é o sentimento que levo para a vida.

iG: No Ceará as coisas acabaram não dando muito certo e o time acabou rebaixado, mesmo com um elenco considerado bom. O que acha que aconteceu para o time acabar caindo?

Jô: Todo mundo me pergunta isso, sobre o que aconteceu no Ceará para ser rebaixado. Era uma equipe muito boa, com jogadores qualificados, que acabaram indo para outros clubes grandes mesmo com o rebaixamento, só que é difícil explicar. Eu cheguei faltando 14 jogos, joguei 11, em um deles fui suspenso por um cartão vermelho, contra o Flamengo, e outro foi por uma ação jurídica do Nagoia. Mas não foi por falta de empenho, o Lucho que chegou para ser treinador se dedicou muito, tentou diversas táticas, mudou o esquema, mesclou jogadores e e entramos em uma maré que a bola não entrava. A diretoria tentou nos apoiar e incentivar o máximo possível, mas realmente as coisas não andaram. Infelizmente acabamos rebaixados, mas gostei muito da experiência, o Ceará é um clube que vem se organizando nos últimos anos e tem margem para crescer mais ainda. Foi um aprendizado e vou guardar no coração.