Conheça Júlia, a única garota a disputar campeonatos entre meninos no Nordeste

Aos 10 anos, a pequena se destaca entre os meninos e já até recebeu um prêmio da Federação Sergipana

Foto: divulgação instagram/ sigaredegol
Júlia se destaca entre os meninos de sua categoria

Com apenas sete anos de idade, Júlia Correia de Oliveira quebrou um paradigma de crenças e obstáculos nas quadras de Aracaju (SE). Durante a disputa do Campeonato Sergipano de Futsal Sub-7, a menina apareceu dentro de quadra e no meio de diversos outros meninos defendendo a equipe do Rocketpower. Assim, ela despertou a atenção de todos os presentes que acompanharam sua performance nas quadras naquele agosto de 2018.

Afinal, a pequena garota registrava um feito inédito na história do esporte no Nordeste do Brasil: ela se tornou a primeira menina na história a jogar entre meninos um torneio oficial na região nordestina.

Júlia não se destacou apenas por "quebrar as regras” e jogar no meio de meninos. Ela, inclusive, recebeu o prêmio de destaque do ano pela Federação Sergipana por suas exibições. Depois disso, não parou mais. Seguiu competindo no meio dos garotos e ganhou diversos campeonatos, como a série bronze da GO Cup Sub-7, a Copa João Alencar Sub-8 e o Campeonato Sergipano de Futsal e FUT7 na categoria Sub-8 e 9, respectivamente.


Natural de Aracaju (SE), Júlia começou sua trajetória aos seis anos na escolinha do tio Edson, em sua cidade. Ao se destacar, a jovem iniciou atividades de níveis avançados no futsal pelo Rocketpower e no campo pelo Esporte Clube Delrey.* Pela ausência da modalidade feminina para essa categoria, ela precisou treinar com os meninos.

“Eu fico muito feliz por representar as meninas no futebol e por fazer com que elas sigam seus sonhos. Eu recebo muita mensagem de mulheres e meninas que começaram a jogar por minha causa. Eu só espero que tenha cada vez mais oportunidades para meninas entrarem no futebol, porque nós estamos buscando o nosso espaço. Se eu esperasse abrir uma categoria feminina da minha idade em Aracaju, estaria até hoje sem jogar”, contou Júlia.

Hoje, aos dez anos, Júlia tem sua carreira gerenciada pelo pai, José Luiz Góes de Oliveira, conhecido como Zezo. Por conta do destaque da filha no futebol, Zezo, que é dentista, precisou renunciar a alguns turnos no consultório para levar à diante, o sonho de sua filha.

“Ela se diverte jogando bola e a evolução é nítida. Tenho muito orgulho da minha filha. Tenho certeza de que lá na frente ela vai colher o que está plantando, assim como a geração de Marta, Formiga e Cristiane. Ao mesmo tempo, sinto pelas outras que não tiveram a mesma oportunidade que Júlia tem. Se olhassem com bons olhos, o futebol feminino estaria em um outro nível”, expressou Zezo.

Fissurada por futebol, a jovem se dedica ao esporte desde os seis anos de idade. Em sua cidade, a garota treina no campo e no salão com os meninos. Neste ano, pai e filha foram a São Paulo para uma seleção do time de campo do Centro Olímpico. A garota se destacou, entrou para a equipe e logo recebeu uma proposta com bolsa de estudos para treinar Futsal pela Escola Fênix São Caetano. A oportunidade de jogar em São Paulo abriu as portas para Júlia começar a treinar com meninas da idade dela.

Atualmente, a atleta joga para quatro times simultaneamente: Rocketpower (Aracaju) e Fênix São Caetano (São Paulo) no Futsal, além do Esporte Clube Delrey (Aracaju) e Centro Olímpico (São Paulo) no Futebol. Hoje, a atleta viaja a São Paulo uma vez por mês para atuar pelas equipes paulistanas e no restante do mês, joga pelos times de Aracaju.