Profissional do São Paulo fala sobre a internacionalização dos clubes de futebol
Camilla Prando avalia os obstáculos e os caminhos a serem seguidos visando a expansão das marcas dos times nacionais no exterior
Internacionalização. Não é de hoje que essa palavra faz parte de nossa realidade nas mais diversas áreas e segmentos da vida, inclusive no futebol, que tem aproveitado a globalização para expandir sua visibilidade e ser ainda mais popular do que já é. Porém, quando analisamos especificamente a internacionalização dos clubes de futebol do Brasil, percebemos que estes ainda têm um longo caminho a percorrer para se tornar conhecidos mundo afora.
Para Camilla Prando, executiva do Departamento Internacional do São Paulo e que participará do "Global Football Management" neste mês de outubro (saiba mais sobre o evento no final da matéria), o conhecimento apenas superficial que os amantes do futebol no exterior têm dos clubes brasileiros precisa mudar.
"A internacionalização se faz necessária, justamente para trabalhar de forma mais intensa e profunda, não só a marca dos clubes, mas valorizar ainda mais tudo que o futebol brasileiro representou e representa até hoje. O maior desafio é fazer com que as pessoas que atuam no dia a dia dos clubes brasileiros entendam a importância de reverter este quadro e compreendam o potencial que temos, para não só tornar os clubes em marcas internacionais, mas também nos aproximar ainda mais institucionalmente e desportivamente de clubes em outros continentes", observa Camilla.
(Veja abaixo galeria de fotos de Camilla Prando)
Dentre as diversas estratégias que podem ser usadas para tornar os times nacionais mais prestigiados, está a transmissão para o exterior dos campeonatos de futebol que são realizados aqui. No entanto, esta prática ainda está longe de ser plenamente aproveitada e, com isso, os clubes brasileiros acabam perdendo a chance de atrair investidores internacionais, como explica Camilla:
"Estamos muito atrasados nisso e é um tema complexo, pois envolve emissoras, instituições desportivas e entidades financeiras. A exposição internacional favorece muito a captação de novos patrocínios, pois isso aumenta o poder dos clubes de negociação. Se você expõe seu produto, a chance de atrair interesse aumenta e o lucro é consequência".
Outro aspecto que pode ser explorado na busca pela internacionalização é a realização de algumas ações que são praticadas por clubes do exterior e que podem ser replicadas aqui. "Sempre acaba sendo importante se espelhar em algumas ações internacionais dos clubes de futebol, como o caso dos NFTs (tokens não fungíveis), Fan Token (tokens fungíveis) e dos aplicativos dos times em outros idiomas, caso do Tigres, do México, Arsenal, Lyon, River Plate (que foi pioneiro na América do Sul), entre outros. Entretanto, quanto antes os clubes brasileiros forem pioneiros em medidas que priorizem o cenário e os torcedores em âmbito global, mais rápido o mercado nacional terá sucesso e receitas se baseando na escala mundial", diz Camilla, que aproveita para apontar algumas ações do São Paulo neste sentido:
"O Departamento Internacional do São Paulo Futebol Clube se profissionalizou em março deste ano e com um mês de existência já estava conversando com empresas estrangeiras sobre Fan Tokens e NFTs, entendendo que já era uma realidade mundo afora e uma nova receita em grandes clubes europeus, que se inspiraram nos EUA e nos esportes americanos, como NBA, NFL, NHL assim como F1 e UFC".
Vistas como armas importantes na missão de expandir a marca dos grandes clubes, as redes sociais também poderiam ser mais bem utilizadas pelas agremiações. "Na minha visão, para internacionalizar a elite do futebol brasileiro, seria mais que necessário todos terem seus sites e redes sociais em outros idiomas (alguns já têm), priorizando o inglês e espanhol. Claro que é uma questão orçamentária também, mas nada que seja impossível, até porque existem inúmeras soluções. Entrevistas legendadas com jogadores, intérprete de libras que abrange a comunidade de surdos, não em uma esfera universal, mas em diversos países. Isso também é uma forma de internacionalizar, além de inclusão social", pontua a executiva.
Mas não são só más notícias. Embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido, os clubes brasileiros estão, gradativamente, investindo em processos que visam a internacionalização. Neste sentido, algumas ações podem ser destacadas, como observa a profissional do São Paulo.
"O que tem dado certo diz muito respeito às palavras digitalização e inovação, ou seja, tendências mundialmente reconhecidas, principalmente no período pandêmico, que estão sendo implementadas aos poucos em diversos times das divisões nacionais, monetizando os negócios dentro do futebol. De fato, profissionais que realmente acompanham o mercado do futebol dentro e fora de campo, conseguem não somente seguir os cases de sucessos e gerar novas receitas, mas também abrir caminhos para novos negócios e parcerias dos quais geram ainda mais experiências, principalmente para os torcedores daquele clube e para os amantes dos esportes, no geral", concluiu.
Global Football Management
Como já citado anteriormente, Camilla Prando será uma das participantes do "Global Football Management". O evento acontece em Lisboa, Portugal, de 12 a 15 de outubro, e será realizado de forma híbrida (presencialmente, mas também com transmissão online).
Entre os palestrantes confirmados estão o ex-técnico do Flamengo e agora treinador do Benfica, Jorge Jesus, o diretor médico do Flamengo, Dr. Márcio Tannure, os presidentes do Fortaleza, Marcelo Paz, e do Avaí, Francisco Battistotti, entre outros.
Para obter mais informações sobre valores, programação e saber como participar, acesse: globalfootballmgt.com.
** Cleber Mattos é repórter do iG Esporte e formado em jornalismo. Acompanha o mundo das competições nas mais diversas áreas, sobretudo quando o assunto é futebol.