Considerando-se satisfeito com a decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo César Salomão, o Fluminense se prepara agora para levar o jogo contra o Volta Redonda, neste domingo, para o Nilton Santos , mesmo tendo o Maracanã disponível para a partida. O motivo: não jogar ao lado do hospital de campanha instalado ao lado do estádio.


Estádio do Maracanã
Eldio Suzano / Photopress / Agência O Globo
Estádio do Maracanã


O interesse do Fluminense em jogar no Nilton Santos foi divulgado primeiramente pelo site "Globoesporte.com". O EXTRA apurou que o clube já enviou ofício para a Federação de futebol do Rio (Ferj) e aguarda a resposta. Mas já se acertou com o Botafogo, gestor do Nilton Santos. Neste mesmo dia, o alvinegro também tem um compromisso no local (contra a Cabofriense, às 11h). Como o jogo dos tricolores será apenas às 19h, não há conflito.

Salomão determinou que Fluminense e Botafogo tenham seus jogos realizados a partir do dia 28 (próximo domingo). Os dois clubes são contrários à volta do futebol neste momento. Mas aceitaram retornar na data estabelecida pelo STJD.

O presidente Mário Bittencourt já havia dado manifestações no sentido de condenar a volta aos jogos em meio à pandemia de Covid-19. Segundo ele, esta preocupação levou o clube a retardar a volta aos treinos, o que gerou todo o impasse em torno das datas dos jogos do time.

Na última quinta, Flamengo e Bangu jogaram no Maracanã. Antes do jogo, muitos torcedores protestaram em frente ao estádio. Naquele mesmo dia, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, duas pessoas morreram no hospital de campanha instalado dentro do complexo esportivo.

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Até esta segunda-feira, o Estado do Rio somava 97.572 casos de contaminações, sendo 50.922 no município. Já os óbitos contabilizam 8.933 (5.875 na capital).

Na noite desta terça, o clube se manifestou de forma oficial sobre a decisão do STJD e sobre a intenção de atuar no Nilton Santos no próximo domingo. Confira a íntegra da nota:

O Fluminense Football Club acatará a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva determinando que os jogos sejam realizados a partir do dia 28 de junho. Dito isso, é preciso deixar claro que o retorno do futebol neste momento é um erro. Nenhum clube deveria ser submetido à obrigatoriedade de jogar e ao risco de ser punido desportiva e financeiramente em meio ao estado de calamidade pública.

A falta de sensibilidade manifestada pela maioria dos clubes do Rio de Janeiro, bem como por sua representação da FERJ, demonstra falta de entendimento sobre o papel social do futebol. Não são apenas nossos jogadores e profissionais que estarão expostos à contaminação, mas as milhões de crianças e jovens que serão influenciadas pela excitação que uma partida do time do coração pode causar. O futebol tem caráter exemplar. Ninguém deveria dirigir um clube de futebol ou a federação de clubes sem ter plena consciência disso.

Jogaremos sim, em respeito à decisão da Justiça Desportiva. Entendemos também que para os clubes de menor aporte financeiro, voltar aos campos é uma questão de sobrevivência. O Fluminense compreende o fato de que nenhum clube existe sozinho. O futebol profissional é uma engrenagem complexa e dispendiosa. Um clube não pode simplesmente deixar de cumprir seus compromissos, desde que, por óbvio, tenha o mínimo de segurança para seus atletas, funcionários e torcedores. O que não justifica atitudes individuais de dirigentes e clubes pois, como já dito, não existe futebol sem o conjunto de clubes.

A partir das datas definidas na decisão desta tarde, consultamos o nosso Departamento Médico, Comissão Técnica, equipe de preparação física e de Fisiologia. Fomos informados que, após as avaliações físicas feitas no primeiro dia de treino, e pelo fato de que não será mais obrigatória a concentração de 48 horas prevista no protocolo (revogada pela FERJ já na rodada de retorno), os jogadores terão a condição física mínima requerida para retornar à competição no dia 28 de junho.

O Fluminense requisitará à FERJ que as partidas sejam realizadas no Estádio Nilton Santos, para que não joguemos ao lado do hospital de campanha no momento em que a taxa de óbitos segue alta no Rio de Janeiro.

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