Confira ‘cincun’ momentos em que Jorge Jesus representou a galera rubro-negra
Alexandre Vidal / Flamengo
Confira ‘cincun’ momentos em que Jorge Jesus representou a galera rubro-negra

“Olê, olê, olê, Mister, Mister!”. Não tem Bruno Henrique, Arrascaeta, nem mesmo Gabigol: o coro cantado com mais força pelas arquibancadas durante a escalação e ao fim de cada
partida do Flamengo no Maracanã exalta o treinador Jorge Jesus. O português não demorou a cair nas graças dos rubro-negros. Apresentado no clube há apenas cinco meses, o técnico
já deixou pistas do que pretendia fazer no time logo em sua primeira coletiva.

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"Quando você treina uma equipe como o Flamengo, uma das melhores equipes de um país, os torcedores querem, além da vitória, qualidade de jogo. Ganhar somente não é o bastante.
Isso é normal. Quem está no Flamengo tem que perceber essa exigência", disse Jorge Jesus , prometendo levar o clube ao topo. "Quando cheguei ao Benfica, há tempo não ganhava nada e agora tem a hegemonia no país. É o que vim fazer no Flamengo".

Antes mesmo disso, ao ser anunciado, o treinador subiu o sarrafo. Em entrevista ao Globoesporte.com , reconheceu o jejum de grandes títulos que afligia os torcedores, mas afirmou que um dos motivos para aceitar a proposta do Flamengo era a possibilidade de ganhar taças como a da Libertadores e do Mundial. Os rubro-negros mais efusivos vibraram, os mais céticos riram. Mas o que parecia apenas um sonho distante para tantas gerações de flamenguistas nunca esteve tão palpável.

O Flamengo chegou à final da Libertadores após 38 anos e, após uma década, está a apenas dois pontos do título brasileiro. Para além dos resultados, o estilo exigente e apaixonado do treinador também fez com que os rubro-negros se identificassem com ele de imediato. Veja cinco desses momentos ao longo da temporada:

1- “Cincun?”

Pouco menos de duas semanas antes da partida de volta da semifinal contra o Grêmio, a equipe de Jesus quebrou mais um tabu: venceu o Athlético-PR por 2x0 na Arena da Baixada, em Curitiba, apesar de um pênalti mal anulado pelo VAR. O Flamengo não vencia o Furacão na capital paranaense pelo Brasileirão há 45 anos.

Nem tudo, porém, foi festa: Rafinha sofreu uma fratura na face e causou grande preocupação para a Libertadores. A essa altura, Arrascaeta, Filipe Luís, Diego e Lincoln já estavam no Departamento Médico, e, meses antes, Vitinho também desfalcou o elenco com uma lesão semelhante à do uruguaio. Na coletiva, Jesus criticou a forma como os defensores adversários entravam nas divididas contra os jogadores do Flamengo. A mistura da indignação com o sotaque viralizou de imediato.

“Um jogador machucado é casual. Dois? Pode ser. Mas CINCO? Com fraturas? Tem que analisar o que está acontecendo. É estranho”, disse.

Rapidamente, a declaração do português virou meme. E foi compartilhado inclusive por Gabigol, no Twitter, ao reclamar de um pênalti não marcado na partida contra o Fluminense.

Após a semifinal, a brincadeira passou a fazer alusão aos 5x0 aplicados no Grêmio no Maracanã.

2- “Tá mal, Arão!”

Jesus conseguiu a proeza de virar meme logo na “estreia”, num jogo-treino contra o Madureira na Gávea em meio ao recesso da Copa América. O então contestado William Arão teve
seu posicionamento criticado pelo treinador, do jeito calmo e tranquilo que lhe é peculiar. A câmera de transmissão captou os gritos de “Tá mal, Arão!”, imediatamente adotados
pela torcida.

Naturalmente, uma versão remixada com batidas de funk surgiu e caiu nas graças da galera.

Foi com Jesus, porém, que o volante passou de inconstante a incontestável. De protagonista de lampejos ofensivos a peça fundamental do sistema defensivo, Arão se tornou um dos
principais responsáveis pela saída de bola da equipe.

A mudança de rendimento se refletiu também na brincadeira: o “tá mal, Arão” de Jesus virou “tá bem, Arão!” na arquibancada. As vaias deram lugar aos aplausos e, agora, o jogador
é ovacionado com gritos de “Arão é Seleção” ao início de cada partida no Maracanã.

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3- “Para frente, c*ralhes!”

O elevado grau de exigência do treinador, acostumado a gesticular e gritar à beira do campo — e, na maioria das vezes, bem longe do limite da área técnica — logo conquistou a torcida rubro-negra. Na estreia de Jesus no Maracanã, o Flamengo atropelou o Goiás por 6 a 1.

O resultado deixou os torcedores eufóricos com o início do trabalho, já que, nos últimos anos, o time costumava dominar a partida em posse de bola, mas recuava diante de um gol ou sequer convertia essa superioridade em resultado. A título de comparação, seu antecessor, Abel Braga, revoltou os rubro-negros ao dizer que perder para o Internacional no Beira Rio era “normal”, após o rubro-negro sair na frente no placar e tomar a virada.

Jorge Jesus, técnico do Flamengo, gesticula durante partida
Flamengo F.C/Divulgação
Jorge Jesus, técnico do Flamengo, gesticula durante partida

Nem nos placares elásticos, porém, o técnico se mostra satisfeito. Não é incomum vê-lo esbravejar na beira do campo mesmo quando a vitória já está mais do que garantida. Foi o que ocorreu contra o Goiás e também contra o Grêmio, quando a falta de objetividade fez o treinador perder a paciência com uma troca de passes entre Pablo Marí e Gerson.

4 - Puxão de orelha em Reinier

Titular contra a Chapecoense, Reinier , de apenas 17 anos, foi substituído aos 13 minutos do segundo tempo, após errar dois passes de calcanhar. Ao fim da partida, Jesus entrou em campo para cumprimentar os jogadores, como de costume, e as câmeras da transmissão flagraram o treinador dando uma bronca no rapaz.

"O Reinier estava bem, mas tem 17 anos, tem que aprender muita coisa. Eu o tirei do jogo não por estar mal. Fez algumas coisas que eu pedi para não fazer. Ele gosta de dar uma nota artística quando o jogo não pede nota artística. Tirei-o para ele perceber que tem que jogar tecnicamente como sabe, mas quem manda sou eu", resumiu o treinador.

Engana-se, porém, quem pensa que o meia ficou melindrado com a bronca em rede nacional. Com humildade, o menino disse que o Mister tinha toda a razão.

"Não assustou, não. Levei tranquilo, foi uma orientação, e eu estava errado. Ele só me orientou. Ele está certo em fazer isso. É uma pessoa sensacional. Não tenho palavras para ele", afirmou o garoto, que, logo depois, se firmou de vez no elenco principal.

O Flamengo desistiu de liberá-lo para o Mundial Sub-17, o jovem foi desconvocado e, no dia seguinte, foi dele o gol da virada sobre o Fortaleza, já nos acréscimos, decidindo a partida e conquistando vitória importante pelo Brasileiro no Castelão.

5 - Quebrando o silêncio sobre treinadores brasileiros

Após a vitória contra o Grêmio no último domingo, que fez o Flamengo precisar de apenas 2 pontos nas quatro partidas restantes para conquistar o título do Brasileirão, Jesus, enfim, quebrou o silêncio sobre as críticas que recebe de treinadores brasileiros. Com humildade, ele reclamou da agressividade dos colegas, lembrando da atuação de técnicos brasileiros em sua terra natal.

"Vim para o Brasil, sou um treinador como eles, vim trabalhar. Não vim tirar lugar de ninguém. Não vim ensinar a ninguém. Não sou melhor nem pior do que ninguém. Queria lembrar aos meus colegas que em Portugal já trabalhou um brasileiro, o Scolari. Ele é acarinhado pelos portugueses. Assim como Autuori, Rene Simões, Abel... e muitos outros", disse o técnico, que completou:

"Quando estiveram lá, tentamos aprender. Não havia essa agressividade verbal que há comigo. Não entendo essas mentes fechadas. Não me incomoda. Quero que meus colegas cresçam. Não sabem o que é globalização. Que de uma vez por todas tirem os fantasmas da cabeça, porque o Brasil tem grandes treinadores", concluiu ele, que foi bastante elogiado pelos torcedores nas redes sociais.

Bônus: De peito aberto para as vaias

Apenas uma semana depois de sua estreia pelo Flamengo, na partida de ida pelas quartas de final da Copa do Brasil contra o Athletico-PR, Jesus enfrentou sua primeira decisão pelo Flamengo. O time foi eliminado nos pênaltis diante de um Maracanã lotado.

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Frustrada com o histórico recente de decepções em casa, a torcida vaiou o elenco. Nada que impedisse o recém-chegado Jorge Jesus de cumprir o ritual que estabeleceu: levar o grupo de mãos dadas, ao centro do gramado, para cumprimentar e agradecer à arquibancada. Os rubro-negros ainda não sabiam, mas viveriam dias bem melhores.

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