Título do Flamengo emociona, e 'vovó torcedora' festeja na rua: 'Foi um milagre'

Conquista da Libertadores levou psicóloga para as ruas do Baixo Gávea

Foto: Carolina Barbosa/O Globo
Título do Flamengo emociona, e 'vovó torcedora' festeja na rua: 'Foi um milagre'

O clima era de Carnaval fora de época. O relógio marcava 21h55 quando a chuva começou a cair sobre o Baixo Gávea, o popular BG, na zona sul do Rio de Janeiro, neste sábado (23). Mas o aguaceiro não espantou os torcedores rubro-negros, que se apinharam embaixo de marquises, dentro dos bares e se espalharam pela Praça Santos Dumont. Fogos, cornetas e animação tomaram conta da multidão, que entoava em um só coro hits como "Mengão do meu coração", "bicampeão" e o hino do time, é claro.

Entre os mais animados com o  resultado de 2 a 1 do Flamengo sobre o River Plate estava a psicóloga aposentada e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Ana Helena Moussatche, que, aos 79 anos, era reverenciada como uma artista enquanto cruzava o BG com faixa do time e cantando. Carioca da Tijuca, na zona norte, e moradora da Gávea, ela nunca pisou num estádio de futebol, mas garante não perder uma partida do rubro-negro .

"Sou flamenguista desde sempre. Jamais imaginaria a hipótese de torcer para outro time. O Flamengo nos representa como população, traduz a nossa garra, a nossa possibilidade de luta. Esse time é um fenômeno, um encontro de almas", filosofa ela, que complementa:

"Nunca pisei num estádio, mas assisto a todos os jogos e torço desesperadamente. Quando achei que ele pudesse num vencer, pensei que ficaria deprimida. Estava sentada sozinha na sala, aflita. Aí vieram os gols e comecei a gritar como louca, chorar e ligar para toda a família. Foi um milagre", acrescentou.

Leia também: "Não sou maior que o Flamengo", diz Gabigol após igualar feito de Zico

Terminado o jogo, ela resolveu se juntar a outros torcedores para celebrar.

"Já fui abordada por várias pessoas que me diziam que sou uma inspiração, que querem chegar à minha idade assim (comemorando). As pessoas da terceira idade, em geral, acham que sair e se unir aos jovens para celebrar é se expor ao ridículo. É uma tremenda bobagem. Essa manifestação é linda, representa o meu povo. Não podemos nos esconder. Temos que mostrar nossa emoção. Só por que estou com quase 80 anos (o aniversário é em 12 de dezembro), vou me privar de me divertir e interagir? Quero mais ver é esta alegria, que é rara. Estamos vivendo um momento histórico", celebrou.

Leia também: Tem G8: Título da Libertadores do Flamengo mexe com disputas do Brasileirão

Ana contou ainda que a vitória a deixou com vontade de ir ao próximo jogo do Flamengo no Maracanã. "Fiquei animada. Se eu encontrar companhia, eu certamente irei. Trabalho ali pertinho", conta, aos risos.