Sobreviventes resgatados estavam em parte alta do morro
Dentre os sobreviventes, dois tripulantes, três jogadores e um jornalista
O bombeiro Arquímedes Mejía, que atuou no resgate dos passageiros do avião da Chapecoense, contou que os seis sobreviventes da tragédia estavam na parte alta do Cerro Gordo, onde se chocou o trem de pouso da aeronave.
Leia mais: Tripulantes dão detalhes sobre os últimos minutos antes do acidente
O relato foi dado à rádio "Caracol" e indica que os jogadores Alan Ruschel, Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto, os tripulantes Ximena Suárez e Erwin Tumirik e o jornalista Rafael Henzel estavam sentados na mesma parte do jato. Segundo Mejía, eles encontraram os sobreviventes graças aos seus gritos pedindo ajuda. "A que mais demorou (para ser resgatada) foi a aeromoça (Suárez). Levamos uma hora e meia para tirá-la", contou o bombeiro.
A comissária de bordo disse a investigadores que as luzes do avião se apagaram momentos antes do impacto, o que indica problemas elétricos. De acordo com o relato de um piloto da Avianca que voava sobre a região no mesmo horário, Miguel Quiroga, comandante da aeronave da Lamia que transportava a Chapecoense e sócio da empresa, reportou uma "falha elétrica total" antes de desaparecer dos radares.
Leia mais: Cresce hipótese de falta de combustível em avião da Chapecoense
Existe a suspeita de que essa pane tenha sido causada por falta de combustível, já que Quiroga havia solicitado prioridade para pouso minutos antes. Além disso, o jato tinha autonomia de aproximadamente 3 mil km, quase a mesma distância do percurso entre Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e Medellín, na Colômbia, o trajeto percorrido pela Chape.
O avião se chocou contra o Cerro Gordo, nos arredores de Medellín, onde o time catarinense disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional. Imagens feitas de um helicóptero mostram que o primeiro impacto foi contra o pico da montanha - onde foi achada uma asa - e que depois os destroços da aeronave desceram morro abaixo.
Informações mais detalhadas devem sair após a análise das caixas-pretas. A investigação do acidente será conduzida por uma comissão formada por autoridades de Brasil, Bolívia (país onde está registrado o avião) e Colômbia.
Leia mais: Noiva pediu para jogador da Chapecoense não viajar
Feridos
Dos seis sobreviventes do desastre, quatro estão em condições críticas e internados em unidades de terapia intensiva, incluindo os três jogadores da Chapecoense. Jackson Follmann, que está no Hospital da Fundación San Vicente, em Rionegro, teve a perna direita amputada e está em fase de estabilização. Ainda existe a chance de ele perder a perna esquerda.
Já Alan Ruschel, que está na Clínica Somer, também em Rionegro foi submetido a várias cirurgias devido a uma fratura na coluna e a um hematoma no abdômen. "Ele não tem déficit neurológico, e esperamos que a fratura melhore depois da estabilização", disse a diretora do centro hospitalar, Ana María González.
Por sua vez, Hélio Zampier Neto passou por uma operação no tórax, tem uma ferida no couro cabeludo, uma pequena fratura no crânio e um edema no cérebro. Sua condição é estável, porém crítica. Ele também realizou transfusões sanguíneas por causa de uma coagulopatia (distúrbio de coagulação no sangue).
O jornalista Rafael Henzel foi submetido a uma cirurgia no tórax e teve de ser sedado porque estava um pouco inquieto. "Os sinais vitais estão estáveis até agora, mas isso não quer dizer que não possam desestabilizar a qualquer momento", explicou o médico Luis Fernando Rodríguez.
Os dois tripulantes, Ximena Suárez e Erwin Tumirik, têm condições estáveis e estão fora da UTI.
Mortos
Até o momento, pelo menos 20 vítimas do acidente já foram identificadas, e os corpos devem começar a ser liberados para repatriação ao Brasil a partir desta quinta-feira (1º). O reconhecimento está sendo feito por impressão digital. É provável que essa etapa termine ainda nesta quarta.
Os mortos serão velados em uma cerimônia coletiva na Arena Condá, estádio da Chapecoense, e de lá seguirão para as cidades onde serão enterrados. Como não se sabe exatamente quando os corpos serão repatriados, o velório ainda não tem data confirmada.
Cerca de 200 familiares das vítimas e sobreviventes já aterrissaram em Medellín em dois voos provenientes de São Paulo. Outras duas aeronaves disponibilizadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) chegarão à Colômbia para buscar os corpos. * Com informações ANSA