Ex-meio-campista, jovem zagueiro do SP já pensou em parar e tem ídolo espanhol
Lyanco tem apenas 19 anos de idade, uma carreira ainda curta dentro do futebol, mas cheia de histórias para contar
O ano de 2016 não vem sendo muito bom para o São Paulo. Mas mesmo com a campanha ruim dentro do Campeonato Brasileiro e eliminações em Libertadores, Copa do Brasil e Paulistão, o jovem zagueiro Lyanco vem se destacando com boas atuações, se transformando em realidade e se consolidando como um dos jogadores mais promissores do clube para o futuro próximo.
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Aos 19 anos de idade, o jovem defensor tricolor contou ao iG um pouco sobre a sua carreira, que ainda é curta, mas com algumas histórias interessantes. Capixaba de nascimento, Lyanco começou jogando no futebol de campo mesmo, já pensou em abandonar os gramados por conta das dificuldades e revelou que seu ídolo é um atleta espanhol.
Confira o bate-papo com o zagueiro do São Paulo :
Início da carreira
"Comecei no Espírito Santo com cinco anos de idade, brincando na escola. Ainda não era nada muito sério, só queria jogar bola. Mas com essa idade eu cheguei para meus pais e falei que queria treinar em uma escolinha que tinha perto de casa, Flamenguinho. No outro dia eles foram fazer minha inscrição e comecei a treinar, já era futebol de campo, 20 de cada lado. Comecei no futebol de campo com cinco anos e meus pais perceberam que eu estava gostando. Mas na época, como eu era muito novo, só jogava se visse minha mão na arquibancada (risos). Ela até brinca dizendo que, se não fosse ela, hoje eu não seria profissional", comentou Lyanco.
"Depois, fui para uma outra escolinha, lá no Espirito Santo mesmo, mas que disputava campeonatos fora da cidade. Com dez anos vim com um time de um empresário jogar um campeonato em São Paulo. Me destaquei, jogando no meio-campo ainda e, com 11 anos, fiz um teste no Fluminense e fiquei treinando lá cinco meses. Depois, como não tinha contrato com o Fluminense, fui convidado para jogar no Botafogo, onde fiquei até o ano início do ano retrasado", continuou.
Pensou em parar?
"Eu pensei sim, mas com relação à escola (risos). Brincadeira, mas pensei sim, não só por conta do futebol, mas da vida. Eu pensava: ‘se eu parar de jogar futebol, talvez eu pare de sofrer com isso. Vou parar de fazer meus pais sofrerem com mudanças, viagens, por conta deste meu sonho’. Como, por exemplo, quando fui jogar no Rio de Janeiro e eles foram comigo, porque eles estão sempre perto. É bom estar perto, se ficar mais solto as coisas sobem na cabeça, mesmo sem querer. Quando fiquei sozinho no Rio tive que aprender muita coisa sozinho, por isso é importante ter eles por perto. Sempre tive um sonho muito grande em ser jogador de futebol e não queria largar isso", comentou.
Pai jogador
"Meu pai, quando tinha 20 anos, iria jogar no Bragantino. Mas, um dia antes de viagem, foi para uma festa e perdeu a viagem no dia seguinte. Então, este exemplo ruim pra ele me serviu para concentrar na carreira e me orientar a fazer a coisa certa"
História curiosa da carreira
"Lembro das conversas de alguns parentes dizendo pra eu ir estudar, que isso não daria nada. Isso fez com que meus pais saíssem do Espírito Santo, para eu me concentrar na carreira. E agora eles aparecem dizendo que estão com saudade, rsrs. Isso me marcou, porque eu pensava que meus próprios parentes não acreditavam em mim. Isso foi bastante forte, porque eu era pequeno e qualquer coisa entrava na minha cabeça. Mas hoje deu tudo certo e virei profissional", disse o jovem Lyanco.
Do meio-campo para zaga
"Foi no Botafogo, no sub-15. O zagueiro faltou e, como eu era grande, o treinador pediu para eu jogar, numa partida contra o Fluminense, pelo campeonato Carioca. Ganhamos o jogo de 1X0, gol de cabeça meu. A partida foi no sábado, domingo tivemos folga e retomamos o treino na segunda. Cheguei para o técnico e falei: ‘não quero sair da zaga não’, (risos)! Daí em diante, fui só crescendo no time e permaneci na posição", lembrou.
Ídolo no futebol
Sergio Ramos, sempre foi ele. Acompanho vídeos dele, admiro muito.
Primeiro dia como profissional
"Eu cheguei no São Paulo e fiquei três meses em Cotia. Aí o Osório, treinador na época, foi ver um jogo do sub-20 no Morumbi, com a Ponte Preta. Fiz uma boa partida e, ao final do jogo, ele falou para eu treinar com os profissionais. Eu, David Neres e Roni. Aí treinamos segunda e terça e o jogo seria quarta, contra o Atlético-PR. Estava me preparando para voltar para Cotia e voltar para treinar só na quinta, depois da partida do profissional", lembrou Lyanco.
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"Quando chegamos em Cotia, o diretor do São Paulo, Cabrera, me avisou que o Osório tinha pedido para eu ir para o jogo. Na hora liguei pra casa e meu pai falou: “é mentira”, hahaha! Eu também achei que fosse, não acreditei na hora! Meu pai começou a chorar, minha irmã também. Estava empinando pipa no CT de Cotia quando o Cabrera me chamou pra avisar. Aí nesta partida foi minha estreia, joguei como volante. Foi uma alegria enorme, uma sensação de dever cumprido em poder jogar profissionalmente", completou o jovem.
Padrinho no futebol
"Sempre foram meu pai e minha mãe mesmo. No Botafogo eu morava bem longe do clube. Eles se mudaram pro Rio, sem emprego e na época eu não ganhava nada. Pegamos uma casa simples e fizemos um alojamento para alguns outros jogadores que moravam com a gente. Morávamos no Rio eu, meu pai, minha mãe e irmã, mas distante do clube, pois a maioria dos outros atletas jogava no Fluminense e era mais perto para eles. Acordávamos às 4h30 da manhã, para chegar a tempo no treino, que começava às 9h. Muitas vezes eu chegava em cima do horário. Então, esse padrinho no futebol foi meu pai mesmo".
Sempre melhorando
"Ainda tenho que melhorar em tudo. Estou num elenco hoje que tem um zagueiro como o Lugano, o próprio Ricardo Gomes (técnico), foi um grande zagueiro. Então penso que posso aprender bastante e melhorar muita coisa. Cabeceio, desarme, marcação, é sempre válido treinar bastante para evoluir", disse.
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Futebol europeu
"Sim, impossível falar que não hoje em dia. Mas meu maior sonho é jogar pela Seleção Brasileira e ganhar uma Copa do Mundo. Ser alvo de clubes da Europa hoje em dia é uma conquista, fruto do trabalho desde quando comecei no futebol, bem pequeno. Ser um dos melhores do mundo na posição, isso tudo é um sonho".
Futebol brasileiro
"Na época em que eu assistia, o futebol era mais bonito, mais por amor. Atualmente, envolve muito dinheiro, muita coisa por fora. Mas, independente de qualquer coisa, o Brasil sempre será o país do futebol", finalizou o jovem zagueiro Lyanco.