Filipe Gomes atua no país que conseguiu uma inédita vaga para Eurocopa deste ano. Ele se surpreende com a boa estrutura

A Albânia não é e nunca foi um dos principais centros do futebol no mundo, longe disso. Mas essa história pode mudar daqui para frente. Isso porque o pequeno país montanhoso de 3 milhões de habitantes, localizado na península Balcânica, no sudeste da Europa, conquistou uma vaga na Eurocopa de 2016 e fará sua estreia na competição.
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E para entender melhor a importância desse feito para os albaneses, o iG Esporte conversou com Filipe Gomes, meio-campista brasileiro que atua no Partizani Tirana, um dos clubes mais populares de lá. Aos 28 anos de idade e com boas passagens por equipes da Itália no currículo, o atleta vê com otimismo sua aventura em uma nação ainda sem tradição no esporte.

"Pelo que pude ver, o nível ainda não é dos melhores. É como se fosse a Série B na Itália, mas o futebol aqui tende a melhorar. O próprio país está crescendo muito. O fato de irem para Eurocopa ajuda bastante o futebol aqui", disse Filipe.
Filipe chegou ao Partizani no começo deste ano, emprestado do Perugia, da segunda divisão italiana. Mesmo com poucos jogos disputados em sua nova casa, o atleta vem ajudando bastante na boa campanha do time dentro do campeonato nacional - a equipe é a segunda colocada na classificação, quatro pontos atrás do líder Skenderbeu e com 14 pontos de vantagem sobre o terceiro colocado.
O fato de irem para Eurocopa ajuda bastante o futebol aqui"
Na Albânia, o campeão disputa a fase preliminar da Liga dos Campeões, enquanto os segundo e terceiro colocados garantem vaga na Liga Europa. E essa foi uma das motivações para que o brasileiro aceitasse ficar seis meses em um lugar diferente.
"95% dos jogadores da seleção albanesa jogam fora, mas existem muitas jovens promessas e muitos estrangeiros chegando e que podem ajudar. Os clubes estão melhorando os salários e essa porta para Champions League enriquece os clubes, fazendo com que tenham verbas para trazer mais jogadores de qualidade. A perspectiva é boa, para mim está sendo uma ótima experiência. A seleção da Albânia é forte", contou.

Por aqui, o meio-campista fez toda categoria de base no Vasco e, com apenas 18 anos de idade, foi negociado com a Fiorentina. "Passei 10 anos na Itália, rodei um pouco, joguei em vários clubes e cheguei na Albânia", disse. Além da Fiorentina, Filipe passou também por Roma, Siena, Como, Varese, Lecce e Perugia, onde tem vínculo até o meio de 2018.
Um dos maiores desafios de Filipe em terras albanesas é levar o Partizani ao título nacional, algo que não acontece há longos 23 anos. A última conquista do tradicional clube da capital aconteceu em 1993, e isso faz com que a responsabilidade aumente ainda mais.
"O clube teve problemas há alguns anos com rebaixamento e voltou à primeira divisão com um time competitivo. Então a pressão é muito grande, a torcida não aguenta mais não ter esse título e nesse ano existe a possibilidade de ganharmos, por isso tem essa pressão dos torcedores, da diretoria e do próprio presidente", explicou o brasileiro.
Fora dos campos, quando não está treinando ou jogando, Filipe disse que a qualidade de vida na Albânia é muito boa e até surpreendente. "Aqui em Tirana é muito legal porque tem uma parte nova na cidade, tipo um segundo centro, com tudo novo, restaurantes, bares, lojas. A estrutura é muito boa, fazemos tudo por aqui. Tanto que nem tenho carro, minha casa fica perto do hotel de concentração, faço tudo a pé", falou o meia.
As coisas melhoraram muito, Albânia é um país pacífico, não tem nada de violência na rua"
"A vida é muito boa, me impressionou muito isso. Você está realmente dentro da Europa. Teve o comunismo, mas as coisas melhoraram muito depois disso, é um país pacífico, não tem nada de violência na rua", disse Filipe, que só esbarra um pouco na questão da comunicação.
"A língua é o meu maior problema. Aqui tem o albanês, que é uma língua balcânia, mas eu me viro um pouco no inglês e no italiano. A cultura italiana está muito ligada a Albânia e dá para se virar bem", disse Filipe.
E volta para o Brasil? "Não existiu sondagem, mas seria minha grande vontade sim. Já estou há 11 anos na Europa, a saudade de casa vai batendo e seria uma ótima coisa. É meu pensamento. Quem sabe não pinte um time grande como o Vasco, seria um sonho mesmo", finalizou o jogador brasileiro.