A França recebe Israel nesta quinta-feira (14) no Stade de France, uma partida de alta tensão que terá um enorme dispositivo de segurança em meio ao conflito no Oriente Médio, e uma semana após os violentos incidentes registrados em Amsterdã durante um jogo do Maccabi Tel Aviv.
O aspecto esportivo desta partida de Liga das Nações fica ofuscado pelo contexto geopolítico. O dispositivo de segurança para este confronto, classificado como de "alto risco" pelo comando da polícia de Paris, tornou-se um desafio.
A Europa enfrenta um aumento de atos racistas e antissemitas desde o início da guerra, em outubro de 2023, entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, em Gaza.
Os receios de incidentes multiplicaram-se após os acontecimentos na sequência do jogo da Liga Europa entre Ajax e Maccabi Tel Aviv, na noite de 7 de novembro, em Amsterdã.
Torcedores israelenses foram perseguidos e atacados nas ruas da capital holandesa, ataques que deixaram entre 20 a 30 feridos e provocaram indignação em várias capitais ocidentais.
- Pedidos de mudança de local -
Já haviam sido registrados incidentes isolados antes da partida, incluindo cânticos antiárabes por parte dos torcedores do Maccabi.
As autoridades francesas decidiram não mudar o local do jogo, ao contrário da Bélgica, que decidiu não receber Israel no dia 6 de setembro em Bruxelas e optou por enfrentar seu adversário em Debrecen, na Hungria.
"Algumas pessoas estão pedindo para transferir o jogo França-Israel. Não aceito porque a França não recua, isso significaria abdicar contra as ameaças de violência e antissemitismo", publicou o ministro do Interior, Bruno Retailleau, na rede social X, um dia após os eventos em Amsterdã.
A mobilização das forças policiais será, portanto, "muito incomum" para um jogo internacional, explicou Laurent Núñez, chefe de Polícia de Paris. Um total de 4.000 policiais e gendarmes estarão posicionados ao redor do estádio e em seu interior.
O dispositivo militar se estende ao transporte público e à capital parisiense. Quase 1.600 agentes de segurança também estarão presentes no Stade de France, enquanto uma unidade de elite da polícia nacional, a Raid, está encarregada da equipe de Israel, sob uma bolha de segurança desde sua chegada à França na segunda-feira.
- Presença de Macron -
"Nós nos sentimos seguros aqui, há muitas forças de segurança ao nosso redor. Eles fazem o que é necessário e eu me concentro no jogo", disse o técnico israelense Ran Ben Shimon em um vídeo divulgado por sua federação na terça-feira.
No entanto, as autoridades israelenses pediram no domingo aos seus torcedores que evitassem comparecer ao Stade de France na quinta-feira.
O local da partida estará quase vazio, já que o número de ingressos vendidos foi de apenas 25 mil, conforme anunciou quarta-feira o ministro de Esportes na rádio Europe 1.
Será, portanto, o jogo com menor público no estádio desde 2003 (36.842 espectadores em uma partida entre França e Nova Zelândia).
O duelo contará ainda com a presença do presidente francês, Emmanuel Macron, que deseja "enviar uma mensagem de fraternidade e solidariedade após os intoleráveis atos antissemitas que se seguiram ao jogo em Amsterdã", segundo sua comitiva.
Seus antecessores Nicolas Sarkozy e François Hollande, assim como o primeiro-ministro Michel Barnier também estarão presentes, segundo vários meios de comunicação.