Neeskens, o melhor parceiro de Cruyff no auge do 'futebol total'

Johan Neeskens, que faleceu no domingo aos 73 anos, foi o poderoso motor do Ajax e da seleção da Holanda no auge do "futebol total" ao lado de Johan Cruyff...

Johan Neeskens em Barcelona, em junho de 2006
Foto: CESAR RANGEL
Johan Neeskens em Barcelona, em junho de 2006
CESAR RANGEL

Johan Neeskens, que faleceu no domingo aos 73 anos, foi o poderoso motor do Ajax e da seleção da Holanda no auge do "futebol total" ao lado de Johan Cruyff, que também foi seu companheiro no Barcelona.

Neeskens fez parte do Ajax tricampeão europeu (1971, 1972 e 1973) e foi peça fundamental da 'Laranja Mecânica' que chegou a duas finais de Copa do Mundo (1974 e 1978).

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"Ele tinha o valor de dois jogadores no meio do campo", disse uma vez Sjaak Swart, um de seus companheiros no clube de Amsterdã.

Corredor incansável, forte na marcação, mas também talentoso, Neeskens marcou cinco gols no Mundial de 1974, superado apenas pelo polonês Gregorz Lato.

"Sempre gostei de jogar com estilo e ganhar", declarou.

Johannes Jacobus Neeskens nasceu na cidade de Heemstede, ao oeste de Amsterdã, no dia 15 de setembro de 1951, e assinou com o Ajax em 1970.

- Gol mais rápido em final de Copa -

Ocupava a posição de lateral-direito quando seu clube derrotou o Panathinakos da Grécia para levantar o primeiro título europeu de sua história, em 1971. Depois, foi jogar no meio-campo e atuou nessa posição nas vitórias de 1972, sobre a Inter de Milão, e 1973, sobre a Juventus.

Era uma equipe cheia de estrelas e liderada por Johan Cruyff, que comandou a seleção que chegou à final do Mundial de 1974, contra a Alemanha.

Aos dois minutos de partida em Munique, Neeskens estabeleceu o recorde de gol mais rápido em uma final de Copa, ao converter um pênalti que foi marcado antes de qualquer jogador alemão ter tocado na bola.

"Foi a primeira vez que fiquei um pouco nervoso, batendo esse pênalti, declarou à Fifa anos mais tarde. "Quando corria para a bola, pensava: 'Para que lado vou bater?'. Quase sempre batia no lado direito do gol. No último segundo, pensei: 'Não. Vou bater do outro lado'. Não era minha intenção bater no meio".

Mas a Alemanha conseguiu a virada e venceu por 2 a 1, com gols de Paul Breitner e Gerd Müller.

"Aquela Copa foi um sonho", disse Neeskens à Fifa. "Eu tinha 22 anos e era um jogador importante'.

"Perdemos aquele jogo, mas todo mundo falava do nosso time e do nosso futebol", disse Neeskens. "Merecíamos ter vencido aquela final".

- Parceria com Cruyff continua no Barça -

Quatro anos depois, na Argentina, em uma Copa do Mundo sem Cruyff, Neeskens voltou a ser fundamental para a Holanda novamente finalista.

Ele se machucou na derrota na fase de grupos diante da Escócia e ficou de fora na vingança contra a Alemanha, mas voltou para os dois últimos jogos, incluindo a derrota por 3 a 1 para a Argentina na decisão.

Àquela altura, Neeskens já estava no Barcelona (1974-1979), cujos torcedores o apelidaram de 'Johan II'. A parceria de sucesso com seu companheiro desde os tempos de Ajax continuou na Espanha.

"Não me importa ser o segundo melhor jogador do mundo", declarou sobre o apelido.

No clube catalão, marcou 54 gols em 233 jogos e o site do Barça lembra "suas impetuosas finalizações de cabeça e suas cobranças de pênalti, autênticos mísseis", com as quais caiu nas graças da torcida.

Em seus cinco anos no Barcelona, conquistou a Copa do Rei em 1978 e a Recopa da Europa em 1979, antes de fazer as malas para os Estados Unidos e defender por outros cinco anos o New York Cosmos.

Em sua fase como treinador, voltou ao Barça em 2006 como auxiliar do também holandês Frank Rijkaard, até sua demissão em 2008.

AFP