O carioca Hugo Calderano fez história neste domingo (25), em Doha, no Catar, ao se tornar o primeiro brasileiro — e também o primeiro atleta do hemisfério sul — a disputar uma final de Campeonato Mundial de Tênis de Mesa.
Na decisão, Calderano foi superado por 4 sets a 1 (12/10, 11/3, 4/11, 11/2 e 11/7) pelo chinês Wang Chuqin, atual número 2 do mundo e campeão olímpico por equipes e nas duplas mistas.
A vitória do chinês confirmou a hegemonia asiática na modalidade, mas não apagou o brilho da campanha do brasileiro.
Apesar da derrota, o resultado coloca Hugo Calderano em um patamar jamais alcançado por um atleta da América Latina no tênis de mesa.
Aos 28 anos e ocupando atualmente a terceira colocação no ranking mundial, Hugo reforça sua posição como uma das maiores referências do esporte fora da Ásia.
Como foi o jogo
O primeiro set começou equilibrado. Hugo ganhou o sorteio e escolheu sacar. Apesar do chinês abrir o placar, o brasileiro entrou agressivo, especialmente nos backhands, forçando erros do adversário.
Ambos mostraram desde o início porque estavam na decisão, com trocas intensas, muitas vezes longe da mesa. Wang Chuqin abriu vantagem de 6 a 3, mas Hugo reagiu, buscou o empate em 7 a 7 e virou para 8 a 7.
Chegou a ter três set points com 10 a 7, mas viu o chinês reagir e fechar em 12 a 10 após uma virada impressionante.
No segundo set, o brasileiro até abriu 2 a 0, mas sofreu uma sequência avassaladora de 10 pontos do chinês, que simplesmente dominou todas as ações. Hugo quebrou a série com um ponto, mas não evitou a derrota por 11 a 3.
O terceiro set trouxe um novo ânimo. Hugo voltou confiante, começou sacando e liderou praticamente todo o tempo. Abriu 6 a 2 e depois 8 a 4, chegando ao set point com 10 a 4. Fechou em 11 a 4, colocando-se novamente no jogo. Na troca de lado, optou por trocar de camisa.
No quarto set, Wang voltou ainda mais agressivo. Abriu 5 a 0 rapidamente, com Hugo cometendo alguns erros e sendo pressionado o tempo inteiro. O brasileiro até tentou reagir, mas o chinês ampliou a vantagem para 10 a 1 e fechou o set em 11 a 2, ficando a um set do título.
No quinto e decisivo set, Hugo tentou se manter na disputa, abriu o placar, mas logo viu Wang virar para 2 a 1 e depois 6 a 3. O brasileiro pediu tempo tentando frear o ritmo do adversário, voltou pontuando, mas Wang manteve o controle, chegou ao match point com 10 a 6.
Hugo ainda salvou um, forçando o chinês a pedir tempo, mas na sequência, Wang fechou o set em 11 a 7 e conquistou o título mundial.
Campanha histórica
A trajetória até a decisão foi marcada por partidas memoráveis. Calderano superou adversários de altíssimo nível, incluindo o chinês Liang Jingkun, número 5 do mundo, em uma semifinal dramática vencida por 4 sets a 3.
Antes, havia derrotado nomes como An Jaehyun (Coreia do Sul) e Quadri Aruna (Nigéria), sem perder sets nas oitavas.
Símbolo de superação
Mais do que resultados, Hugo Calderano representa a quebra de barreiras no esporte brasileiro.
Morando na Alemanha desde 2014, o mesatenista trilhou um caminho fora do Brasil para alcançar o nível de excelência necessário para competir com os melhores do mundo.
Além dos aspectos físicos e técnicos, Hugo demonstrou uma enorme evolução mental, ponto que tem sido decisivo para seu desempenho nos últimos anos, segundo especialistas.
O legado permanece
Mesmo sem o título, o feito de Calderano marca um divisor de águas para o tênis de mesa brasileiro e sul-americano.
A expectativa é que sua performance sirva de inspiração para novos atletas e ajude a fortalecer o desenvolvimento do esporte no país.