'Palmeiras 40 graus': Rafael Navarro pode seguir sina de ídolos do Verdão que vieram do Rio
Rafael Ribeiro
'Palmeiras 40 graus': Rafael Navarro pode seguir sina de ídolos do Verdão que vieram do Rio


Mais de três meses foram necessários para que Rafael Navarro conseguisse, enfim, ter o respeito da torcida do Palmeiras . O camisa 29 já anota seis gols com a camisa alviverde. Todos marcados nas duas primeiras partidas que o clube fez pela Copa Libertadores , incluindo aí o magnifico desempenho ante o boliviano Independiente Petrolero, em que marcou quatro tentos e demoliu recordes individuais da equipe na competição continental.


Era o que faltava para Navarro conquistar corações palmeirenses e manter uma sina poderosa: é comum jogadores vindos do Rio de Janeiro, seja cidade ou Estado, virarem ídolos no Palestra.

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Contratado junto ao Botafogo, onde começou no sub-20, o camisa 29 precisa de tempo, acima de tudo. Afinal, a adaptação de um carioca em terras bandeirantes não é sempre fácil, como lembram alguns dos ídolos do Verdão vindos da Cidade Maravilhosa.

- Eu cheguei de Bangu e me assustei com o tamanho da cidade. Meu pai (o histórico zagueiro Domingos da Guia) jogou em São Paulo e me falou muito da cidade, de como aqui era mais frio. Isso me ajudou bastante. E meu objetivo era apenas o de jogar futebol - disse o ídolo Ademir da Guia, maior jogador da história alviverde, que chegou em 1961 vindo do clube da zona oeste carioca. Ademir da Guia

Ademir acertou com o Palmeiras para entrar para a história (Foto: Reprodução)

Tal como hoje, guardada as devidas proporções óbvias, era comum o clube hospedar atletas vindos de fora em casas alugadas em bairros próximos do Parque Antártica, como Pompeia e Lapa. O pai Domingos até arrumou uma casa na Penha, na distante Zona Leste, para a moradia do filho então adolescente, fruto dos contatos que tinha dos tempos em que defendera o rival Corinthians, mas o próprio Ademir preferiu as instalações mais modestas do alviverde.

- Morávamos em três, quatro, e aquilo me ajudou bastante, porque era tudo meio que em um universo só, o universo Palmeiras, tinha contato quase que diário com as coisas do clube, com os torcedores, me fez entender a grandeza daquilo que eu estava defendendo. E criou uma adaptação quase que instantânea - relembrou o eterno camisa 10.

Coube a Ademir ser o anfitrião de outra lenda carioca que chegaria ao Palestra algum tempo depois: o centroavante César, maior artilheiro vivo do Verdão.

Vindo do Flamengo em uma negociação para os cariocas contarem com Ademar Pantera, César era representante da linhagem Lemos, que marcou época no futebol com os irmãos Luisinho, este ídolo do América, e Caio Cambalhota, destaque no próprio Rubro-Negro.

- Eu não queria vir. Queria jogar no Flamengo, no Rio de Janeiro, fazer gols no Maracanã. Mas meu pai me obrigou, disse para vir a São Paulo e mostrar o meu futebol. E foi o que eu fiz. E foi amor à primeira vista - disse César.

A chegada de César é lembrada até hoje por Ademir. Novamente o friozinho paulistano pregou uma peça. O centroavante chegou no inverno, de camisa aberta, sem botões e teve que pegar um agasalho emprestado para suportar os primeiros dias.

- Não demorou para os gols saírem. Por isso precisa se ter paciência com o menino (Navarro). Tem tudo para escrever uma história bonita - completou César.

Zinho era ídolo flamenguista, ganhara dois Brasileirões pelo time da Gávea, quando recebeu proposta do Palmeiras, turbinado pelo dinheiro da Parmalat, e decidiu respirar os ares de Sampa em 1992. Acabou construindo uma história ainda mais bonita pelo Verdão, onde está na galeria dos ídolos imortais.

- Eu acreditava em um grande projeto, de uma grande empresa que chegou e estava disposta a gastar, a montar uma estrutura grande. Mas a coisa foi muito além. Eu simplesmente me senti em casa, me adaptei rápido, me aproximei do torcedor palmeirense de uma maneira que nunca imaginei. Talvez pelo meu estilo de jogo como meia, que cumpriu essa coisa da Academia, de qualidade no passe, fez com que eu me aproximasse de uma maneira incrível do palmeirense.

O eterno camisa 11 alviverde pondera, contudo, que para a adaptação de Navarro estar completa, serão necessários títulos.

- Ganhar do Corinthians em 1993 e depois ter a Libertadores são fatores que sem dúvida fizeram com que eu, (César) Sampaio, Evair e outros ficássemos marcados. O jogador precisa entender que o título imortaliza ele. E ganhando não há problema de adaptação algum.

TABELA
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CONHEÇA OS ÍDOLOS CARIOCAS DO VERDÃO: Ponce de Leon

(Foto: Reprodução)

1- PONCE DE LEÓN
Atacante
(1951 - 1953)
65 jogos - 28 gols
Títulos: Copa Rio (1951) e Torneio Rio-São Paulo (1951)

Revelado pelo Botafogo em 1947, logo veio para São Paulo defender o Tricolor. Acabou contratado pelo Verdão, onde foi um dos heróis do histórico título da Copa Rio. Jair Rosa Pinto

(Foto: Acervo/Palmeiras)

2 - JAIR ROSA PINTO
Atacante
(1949-1955)
​247 jogos - 74 gols
Títulos: Campeonato Paulista (1950), Copa Rio (1951) e Torneio Rio-São Paulo (1951)

Certamente o primeiro grande herói carioca a ser ídolo no Verdão. Depois de passagens por Madureira, Vasco e Flamengo, 'Jajá de Barra Mansa', uma alusão à sua cidade-natal, foi a maior contratação do Palmeiras nos anos 1940 e 1950. Chamado de mercenário na Gávea, onde camisas suas foram queimadas, ficou sem espaço no futebol do Rio após ser acusado de ter recebido suborno de dirigentes vascaínos em uma derrota por 5 a 2 do Rubro-Negro.

Atravessou a Dutra e reiniciou a carreira em alto estilo, encontrando no Parque Antártica hospitaleiro e de idolatria. Chegou a ser carregado nos ombros de palmeirenses alucinados do Pacaembu até a sede da Turiaçu após o Paulista de 1950. Primeiro ídolo de muitos palmeirenses, incluindo o pai do atual presidente Bolsonaro, que batizou o filho com o nome do craque como uma forma de homenageá-lo. Djalma Dias

(Foto: Acervo Palmeiras)

3 - DJALMA DIAS
Zagueiro
(1963-1967)
242 jogos - 2 gols
Títulos: Campeonato Paulista (1963 e 1966), Torneio Rio-São Paulo (1965) e Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967)

Revelado pelo América, onde ganhou o mitológico Carioca de 1960, Djalma Dias foi o xerife da primeira Academia. Sua contratação envolve uma série de causos, impensáveis nos dias atuais, mas plausíveis naqueles tempos. Destaque do Diabo na conquista, chamou a atenção de pelo menos três grandes (Fla, Fluminense e Botafogo), o que não cativava os alvirrubros. Um dirigente do Alvinegro então propôs ao Verdão que ajudasse na negociação, sob a condição de liberar Dias em dois anos no máximo para jogar em General Severiano. A condição foi topada, o cheque foi enviado e o zagueiro desembarcou no Parque Antártica para fazer história. Só jogaria no Glorioso no final da carreira, nos anos 1970. Ademir da Guia

(Foto: Reprodução)

4 - ADEMIR DA GUIA
Meia
(1962-1977)
904 jogos - 155 gols
Títulos: Campeonato Paulista (1963, 1966, 1972, 1974 e 1976), Taça Brasil (1967), Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), Campeonato Brasileiro (1972 e 1973), Torneio Rio-São Paulo (1965)

César Maluco Palmeiras 1967

(Foto: Reprodução)

5 - CÉSAR
Atacante
(1967-1974)
​327 jogos - 182 gols
Títulos: Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), Taça Brasil (1967), Campeonato Paulista (1972 e 1974) e Campeonato Brasileiro (1972 e 1973)
Jorge Mendonça

(Foto: Reprodução)

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6 - JORGE MENDONÇA
Atacante
(1976-1980)
219 jogos - 102 gols
Títulos: Campeonato Paulista (1976)

Revelação do Bangu, Jorge Mendonça é um dos poucos dessa lista a pedir publicamente para sair do Verdão para voltar ao Rio de Janeiro. Em 1980, envolvido em constantes atritos com o técnico Telê Santana, acabou negociado com o Vasco, onde ficou seis meses. Triste fim de uma história que parecia promissora, mas que o tempo não apagou o protagonismo do camisa 8 no título paulista de 1976. Vagner Bacharel

(Foto: Reprodução)

7 - VÁGNER BACHAREL
Zagueiro
​(1983-1987)
261 jogos - 22 gols
Títulos: nenhum

Único carioca a ser idolatrado nos anos da fila. Bacharel foi revelado pelo Madureira e passou pelo Botafogo, antes de fazer dupla de zaga com um Luís Pereira em fim de carreira e participar da traumática campanha do Paulista de 1986, cuja final foi perdida para a Inter de Limeira. Acabou morrendo em abril de 1990, após bater a cabeça em disputa de bola pelo Paraná, clube que defendia na ocasião. Zinho - Palmeiras - 1999

(Foto: Mauricio Val/Lance!/Arquivo)

8 - ZINHO
Meia
​(1992 a 1994, 1997 a 1999 e 2002 e 2003)
​333 jogos - 56 gols
Títulos: Campeonato Paulista (1993 e 1994), Torneio Rio-São Paulo (1993), Campeonato Brasileiro (1993 e 1994), Copa do Brasil (1998), Copa Libertadores (1999), Copa Mercosul (1998)
Edmundo e Evair - Palmeiras

(Foto: Arquivo Lance)

9 - EDMUNDO
Atacante
​(1993 a 1995 e 2006 e 2007)
​223 jogos - 99 gols
Títulos: Campeonato Paulista (1993 e 1994), Campeonato Brasileiro (1993 e 1994) e Torneio Rio-São Paulo (1993)
Djalminha

(Foto: Reprodução)

10 - DJALMINHA
Meia
​(1996 e 1997)
​90 jogos - 50 gols
Título: Campeonato Paulista (1996)

Filho de peixe, peixinho é. Djalminha, cria do Flamengo, é filho de Djalma Dias e marcou época no Verdão no ataque dos 102 gols do Paulistão de 1996. Vagner Love Palmeiras 2009

(Foto: Miguel Schincariol/Lancepress)

11 - VAGNER LOVE
Atacante
(2002 a 2004 e 2009)
78 jogos - 54 gols
Títulos: Série B (2003)

Tá certo, Love não é um dos maiores ídolos. Perdeu muito da idolatria que os palmeirenses tinham por ele. Mas se trata de um carioca da gema revelado pelo próprio clube, após passagens pelas categorias de base do Vasco. Até hoje mantém uma das maiores médias de gols de um atacante do clube. Pedrinho

(Foto: Acervo Lance!)

12- PEDRINHO
Meia
(2001 a 2005)
127 jogos - 32 gols
Título: Série B (2003)

Enviado pelo Vasco, seu clube do coração, como contra-partida da contratação não paga do atacante Euller, Pedrinho levantava o Parque Antártica toda vez que estava em campo. Ganhou status de ídolo em um tempo de vacas magras pós-parceria com a Parmalat, por mais que tenha passado alguns dos piores momentos da sua vida no clube, com uma depressão e contusões constantes que o levaram a pedir para ficar sem receber, episódio que aumentou a idolatria por parte da torcida pelo seu nome. Palmeiras x Flamengo - Comemoração Deyverson

Foto: Juan Mabromata / AFP

13- DEYVERSON
Atacante
(2017 a 2019 e 2021 e 2022)
144 jogos - 31 gols (até o momento)
Títulos: Campeonato Brasileiro (2018), Copa Libertadores (2021) e Campeonato Paulista (2022)

Mais um ex-vascaíno na lista. Deyvinho está de saída. Mas marcou dois gols de título em cima de dois clubes da sua cidade natal. Se isso não o garante na lista de ídolos, não sabemos mais o que ele precisa fazer... Exemplo perfeito de adaptação de carioca no Verdão.

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