Alexandre Mattos diz que Cruzeiro 'faltou com a verdade' em nota sobre saída de Vitor Roque para o Athletico
Anderson Gonçalves e Fábio Lázaro
Alexandre Mattos diz que Cruzeiro 'faltou com a verdade' em nota sobre saída de Vitor Roque para o Athletico


A saída de Vitor Roque, de 17 anos, do Cruzeiro para o Athletico-PR, abriu uma rusga entre o clube mineiro, o empresário do jogador, André Cury, e o diretor de futebol do Furacão e ex da Raposa, Alexandre Mattos. O time mineiro emitiu uma nota (leia abaixo), no início da noite desta terça-feira, explicando a sua visão da ida do atacante para a equipe do Paraná e com muitas críticas.

Segundo o relato do Cruzeiro, Vitor Roque abandonou o clube, ao deixar Belo Horizonte rumo a Curitiba, no domingo, 10 de abril, já que o jogador ainda estava sob contrato e tinha compromissos a cumprir com a Raposa.

Na mesma nota, a equipe celeste descreve como “obscena” a ética do agente de Roque, André Cury, e afirma que Mattos, que trabalhou no clube azul até o fim do ano passado quando foi desligado por Ronaldo e sua equipe, saiu do Cruzeiro com informações privilegiadas da situação contratual do jogador, que tinha uma multa de R$ 24 milhões para o mercado nacional e 300 milhões de euros para times do exterior, além de saber do seu salário, na casa dos R$ 18 mil mensais.

Mattos se pronunciou sobre o caso e em entrevista à Rádio Nova Morada, de São Paulo, rebateu o Cruzeiro dizendo que a nota “falta com a verdade” sobre ter tido informações privilegiadas sobre Vitor Roque e ter usado isso para contratar o jogador, que deve ser apresentado em breve.

- O Vitor Roque queria deixar o Cruzeiro. O Athletico-PR teve a informação sobre Roque no dia 10, domingo, pois o Cruzeiro queria o Jajá (atacante) e Zé Ivaldo (zagueiro). O Ronaldo e o Paulo André me procuraram e falaram em fazer um acordo pelo Vitor Roque. “Me paga 40 milhões e coloca Zé Ivaldo e o Jajá no negócio”. Eu procurei o presidente (Mário Celso) Petraglia e comuniquei ele do fato. Ele me disse que poderia fazer uma contraproposta. Daí, procurei o André Cury, que me disse: "Ele não vai ficar no Cruzeiro. Ele vai ficar no sul ou em São Paulo" - disse, sem citar que Red Bull Bragantino e Internacional eram os times interessados em Vitor Roque.

Mattos prosseguiu, afirmando que Cury havia dito a ele que os clubes iriam pagar a multa rescisória no valor de R$ 24 milhões e tirar o jogador da Toca da Raposa.

- Os clubes vão pagar a multa. Não vão comprar”. Eu tive a informação pelo empresário do jogador. Assim que soube disso, o presidente mandou eu ligar no Cruzeiro, pediu para falar que temos interesse no jogador e ainda emprestamos Zé Ivaldo e o Jajá, mas que não poderia pagar os R$ 40 milhões e sim o valor da multa - complementou.

O enredo da saída de Roque do clube mineiro ficou ainda mais incrementado, pois segundo Mattos, não foi o Furacão que pagou a multa de saída e sim o próprio jogador, algo que a lei permite se existe um valor pré-determinado para saída em contrato. Assim que soube desse contexto, Mattos acionou o jogador e apresentou o projeto do Athletico.

- O próprio jogador manifestou interesse no projeto do Athletico. O próprio jogador pagou a multa. O Athletico não fez nada fora da lei. Se houve erro do Cruzeiro, se não fizeram antes uma mudança no acordo, aí tem de se perguntar ao Cruzeiro. Se esta na lei, se o Cruzeiro achou que não foi justo, eles têm de responder, pois eles tiveram muitas oportunidades de mudar o contrato do jogador - explicou Mattos, que se dirigiu diretamente ao Cruzeiro sobre a nota e até relatou sobre como Vitor Roque foi parar na Raposa, depois de sair de forma polêmica do América-MG, o que quase gerou uma punição ao time celeste, em 2019.

- É faltar com a verdade. Eu não conhecia o contrato do Vitor Roque. Quando eles se referem ao trabalho que realizava no clube, eu estava em Boston fazendo o primeiro contrato com alguns atletas para o Cruzeiro.. Não sabia do valor da multa. Se houve um caso de saída estranha foi quando o jogador saiu do América de forma antiética. O Cruzeiro quase foi punido, pois aí sim fez algo fora da moralidade. Nosso caso foi algo dentro da lei. Não foi por falta de FGTS, de salários atrasados. O jogador foi lá e pagou. Não esta certo direcionar a culpa para terceiros. Eu ia ao Cruzeiro e não recebi nenhuma ligação do Ronaldo. Mas, mantive uma boa relação. Estive com ele em Madri e ajudei o Cruzeiro nesse momento. Com os empréstimos de empréstimos de Zé Ivaldo e o Jajá - finalizou Alexandre Mattos.

Confira a nota do Cruzeiro na íntegra:

O Cruzeiro Esporte Clube, em sua nova gestão, tem como princípio a transparência em todos os temas relevantes à sua torcida, imprensa e ao universo do futebol. Por isso vimos a público dar luz aos fatos que envolvem o atleta Vitor Roque.


Ao longo de todo o mês de março, a diretoria de futebol estabeleceu diversas conversas e negociações com os agentes André Cury e Francisco Rocha, caminhando para a formalização do novo vínculo com o ajuste salarial pretendido por eles para a renovação do Contrato de Trabalho do atacante. Entretanto, em vias de finalizar o negócio, as respostas obtidas começaram a se tornar esparsas e evasivas.


O Cruzeiro, verificando a obscena e já conhecida falta de ética de André Cury, mas determinado em contar com o atleta, e no exercício do seu direito de renovação do primeiro contrato de trabalho previsto pela Lei Pelé, foi diligente e formalizou sua proposta com protocolo do documento na Federação Mineira de Futebol.


Porém, na noite de domingo (10/4), o atleta se negou a renovar o Contrato Especial de Trabalho Desportivo com o clube, informando expressamente sua intenção de rescindir unilateralmente, supostamente por meio da realização do pagamento da cláusula indenizatória contratual prevista no art. 28, § 1o, I da Lei Pelé. Nesta terça-feira (12/4), através de liminar na Justiça do Trabalho foi registrada a rescisão no sistema da CBF.

Em se confirmando tal pagamento - ainda não disponibilizado ao clube - tratará de um equívoco técnico do atleta, de seu staff e do clube por trás da contratação. O Club Athletico Paranaense terá depositado em juízo quantia menor do que o previsto no § 11 do Art. 29 da Lei Pelé, que toma por base os salários ofertados pelo Cruzeiro Esporte Clube ao atleta.

Não nos assusta o fato de tal processo ter sido articulado por André Cury e Alexandre Mattos, ex-diretor de futebol do Cruzeiro – que hoje exerce cargo similar no Athletico Paranaense. É notório que ele faz uso das informações contratuais que carregou do Cruzeiro em benefício de seu novo empregador.

Atitudes repugnantes como a deste grupo vão absolutamente na contramão do profissionalismo que torcida e amantes do futebol esperam, ainda mais em um momento de fortalecimento da indústria do futebol com a ideia de criação de uma Liga Brasileira. Essa é a hora que os clubes precisam de diálogo e de entendimento e não de relações estremecidas.

Lamentamos que o atleta, extremamente mal assessorado, tenha embarcado para o Paraná optando por violar seu contrato de trabalho ainda vigente e abandonado sem autorização seu ofício. Aproveitamos para tornar público o nosso repúdio pelas práticas amadoras adotadas por André Cury.



De qualquer forma, o Cruzeiro Esporte Clube, com tranquilidade e conhecedor de seus direitos, não hesitará em adotar todas as medidas necessárias para preservá-los.

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