Desde quando sofreu uma ruptura parcial do ligamento lateral do joelho esquerdo e de parte do menisco, defendendo o Eczacibasi Vitra, da Turquia, em janeiro deste ano, a central Thaisa vem passando por momentos difíceis. Ao ter de jogar três vezes no sacrifício para tentar ajudar a equipe na Champions League feminina de vôlei, à base de injeções e muitos remédios, a jogadora brasileira só viu sua situação piorar e se transformar em um pesadelo.

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O que poderia ter sido resolvido com uma simples artroscopia, que a levaria a uma recuperação de quatro a seis semanas, transformou-se em uma inevitável cirurgia. "Infelizmente, independente de todos os esforços, no fim da temporada, ou mesmo até antes, terei de fazer uma cirurgia. Não tem outro jeito. Tenho uma bomba-relógio no meu joelho que pode estourar a qualquer momento.  E já peço as orações das pessoas que torcem, que entendem o drama de ser uma atleta profissional", disse Thaisa .

Thaisa jogou nas Olimpíadas do Rio de Janeiro
Rio 2016/REPRODUÇÃO
Thaisa jogou nas Olimpíadas do Rio de Janeiro

"Estou lutando, fazendo o melhor que posso. Não gosto de estar expondo, não quero passar a imagem de coitada, mas com muitas pessoas comentando sobre as minhas atuações, nada mais justo do que falar e esclarecer o que está acontecendo", justificou a atleta que esteve nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Para chegar à conclusão da necessidade de uma cirurgia, ela solicitou ao Eczacibasi a consulta de um outro profissional e foi prontamente atendida. Além disso, enviou seus exames para o seu médico, Luis Eduardo Tirico, nos Estados Unidos, e ainda para o profissional que atende a ponteira e companheira de equipe Tatiana Kosheleva. Os três decidiram pela operação. 

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"Desde a primeira ressonância, no dia 24 de janeiro, eu já precisava de uma artroscopia. Se tivessem feito, já estaria voltando a jogar normalmente, sem dores, sem nada, e pronta para jogar essa fase importante da Champions, da liga turca, além do Mundial de Clubes", explica a jogadora que, no entanto, atendeu ao pedido do Eczacibasi e voltou a treinar, mesmo com fortes dores, consideradas normais pelo médico do seu clube.

Após a partida contra o VakifBank, no dia 22 de fevereiro, Thaisa sofreu com inchaço no joelho. "As dores foram ainda mais fortes e o médico falou novamente que era normal porque eu havia forçado. Tiraram um pouco só do líquido do meu joelho e aplicaram mais duas injeções. Continuei sentindo dores. Depois de três dias, quando fui saltar leve para treinar, não consegui, e sentir uma dor absurda. Aí pedi para fazer outro exame o mais rápido possível. Foi então que constataram que já havia machucado também uma parte da cartilagem e tinha um edema no osso", contou a atleta.

Mais uma vez em quadra

Apesar da unanimidade dos três médicos que decidiram pela cirurgia, outra vez Thaisa atendeu ao pedido do clube para enfrentar o Fenerbahce, no último dia 23, pela Champions. "Mesmo com medo e sabendo que não estaria 100%, que voltaria a sentir muitas dores, não consigo pensar apenas em mim. Eu sou assim. Quero ajudar o time. Decidi adiar a cirurgia e fazer duas semanas de fisioterapia no hospital para tentar jogar. Então resolveram me dar uma injeção ainda mais forte, que poderia ajudar na dor mas do tipo que preciso ficar dois anos e meio sem engravidar pois causa má formação no feto. Conversei com meu marido e fiz. Passei muito mal. Tive enjôo, febre, dores no corpo todo e não conseguia sequer andar", afirmou.

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Divulgação

Thaisa é jogadora do Eczacibasi Vitra

Apesar de todas as dificuldades, a central atuou toda a partida, vencida pelo Fenerbahce por 3 sets a 2, e marcou 14 pontos. "Fui para o jogo, sem estar treinando, porque me consideram peça importante, mas estava completamente despreparada. Não saltava há muito tempo e minha atuação foi muito abaixo. Mas o meu clube sabe a situação que estou passando e dei a minha cara a tapa", comentou.

E Thaisa completou. "Tudo o que fiz até hoje foi com muita dedicação e luta. Nada vai apagar o que fiz e o que fui e estou fazendo e buscando, lutando muito. Não tenho medo. Acho que a vida de atleta é assim e tenho minha consciência tranquila e que estou fazendo o máximo pela minha equipe. Não tenho pensado em mim. Tenho pensado nas minhas amigas e companheiras de time, e em ajudar o meu clube".

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