Foto divulgada por ONGs da iraniana identificada apenas como Sahar que ateou fogo no próprio corpo
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Foto divulgada por ONGs da iraniana identificada apenas como Sahar que ateou fogo no próprio corpo

Uma mulher de 29 anos de idade, identificada apenas como Sahar, ateou fogo ao próprio corpo na frente de um tribunal de Teerã , após ser processada por frequentar um estádio de futebol, denunciaram ONGs de Direitos Humanos.

Segundo informou a Center for Human Rights in Iran, sediada nos Estados Unidos, a mulher foi condenada a seis meses de prisão depois de tentar entrar no estádio Azadi, em Teerã, em março. Após sair sob fiança, ela soube, ao comparecer a um tribunal, que precisaria voltar para trás das grades, e teria então posto fogo no próprio corpo.

"Depois de ser levada para a prisão de [Gharchak] em Varamin [cidade], minha irmã sofreu muitos problemas mentais e ficou aterrorizada", teria dito sua irmã à agência estatal Rokna, que não publicou a identidade da mulher. "Nesse pobre estado mental e psicológico, minha irmã incendiou-se. Ela agora está em péssimas condições no hospital".

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A mulher, que sofreria de transtorno bipolar, está atualmente em terapia intensiva no Hospital Motahhari, em Teerã, acrescentou a ONG em comunicado.  Desde 2018, quando a Arábia Saudita eliminou a proibição a mulheres em estádios, o Irã é o único país a ainda impedir que mulheres frequentem estádios esportivos, apesar da pressão constante da Fifa.

A proibição de mulheres em estádios nunca foi promulgada sob nenhuma lei ou diretiva oficial, mas, autoridades iranianas as impedem de acessar os estádios na prática, ao não oferecem infraestrutura para as mulheres e eventualmente as processarem. O veto começou em 1981, dois anos após a revolução islâmica no país,  por pressão de grupos religiosos e políticos linha dura.

Em um relatório publicado em novembro de 2018, um painel da Fifa disse que a proibição violava o próprio código de ética da Fifia, que "proíbe especificamente a discriminação, inclusive com base no sexo".

Segundo a agência iraniana, a mulher “atualmente, está respirando com a ajuda de uma máquina de respirar na seção da UTI. Não temos permissão para fornecer mais informações”.

A Rokna também citou um funcionário da Justiça não identificado afirmando que a mulher havia sido acusada de "prejudicar a decência pública" e "insultar os agentes da lei" por não usar um hijab, mas o relatório não mencionou o fato de que ela havia sido presa por tentar entrar em um estádio.

O funcionário judicial disse: “Na segunda-feira, 1º de setembro, a mulher compareceu ao tribunal para a primeira sessão do julgamento, mas o juiz estava de férias por causa de uma morte em sua família e outra data foi marcada para o julgamento. Mas a jovem começou a levantar objeções e, depois de deixar o tribunal, pegou a gasolina que havia comprado anteriormente, derramou sobre si mesma e se incendiou. ”

Em entrevista ao jornal diário "Iran" em 5 de setembro de 2019, o ex-chefe da Federação de Futebol do Irã (1994-97) Dariush Mostafavi condenou as autoridades por processar a mulher e prejudicar a reputação internacional do Irã.

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"Se eu fosse o chefe da federação ou o ministro do esporte, teria comparecido ao tribunal e tentado convencer a juíza a deixá-la ir. Não é difícil de fazer. Se você conversar com o juiz sobre a importância do futebol e as condições atuais da sociedade, ele ficará convencido", afirmou.

De acordo com a Human Rights Watch, ao menos seis mulheres vestidas como homens foram detidas no mês passado em estádios. Assim como elas, várias torcedoras passaram a vestir barbas e perucas para entrar em estádios. Em março do ano passado, 35 mulheres teriam sido detidas durante uma única partida. Imagens dessas mulheres se tornaram virais em todo o mundo. 

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