Meia-atacante brasileiro Isael joga no futebol cazaque
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Meia-atacante brasileiro Isael joga no futebol cazaque

O futebol do Cazaquistão está longe de ser uma referência no mundo, mas tem jogador brasileiro brilhando por lá. O meio-campista Isael , de 29 anos de idade, atua desde 2014 no Kairat, um dos clubes mais tradicionais do país, e diz que pretende ir à Copa do Mundo na Rússia.

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Mas calma. O brasileiro pretende ir ao Mundial deste ano, mas para acompanhar a seleção brasileira como torcedor, nas arquibancadas. Isael falou com exclusividade ao iG Esporte e contou um pouco da sua trajetória profissional dentro do futebol, com passagens por grandes times brasileiros e experiência na Europa. 

Revelado na base do Grêmio, onde também se profissionalizou, o meia-atacante jogou também por Sport, Coritiba, Fortaleza e São Caetano. Lá fora, o jogador passou por Giresunspor (Turquia), Nacional da Madeira (Portugal) e Krasnodar (Rússia), até se fixar em terras cazaques.

O sucesso no Cazaquistão é tão grande que o atleta vem recebendo diversos pedidos para atuar na seleção do país. "Vou completar quatro anos aqui. Tem essa possibilida de naturalizar, é mais um pedido da torcida. Me param na rua e perguntam se não vai sair o passaporte, se não vou jogar na seleção", contou Isael.

Entretanto, o brasileiro avisou que, caso um dia chegue uma oferta oficial da Federação do país, a tendência é que ele recuse. E tem motivo para isso. 

"Os jogadores locais não gostaram muito não, é meio que uma ofensa para eles né. Fiquei feliz nesse interesse da torcida e tudo mais. Mas vi que o pessoal poderia não me aceitar muito. A seleção não tem resultados bons e eles veem isso de trazer um cara de fora como um menosprezo, uma ofensa mesmo. Aí nesse caso eu preferia não aceitar, até para evitar conflito. Deixa do jeito que está".

Lembra do Arshavin? O russo joga lá

Astro russo Arshavin é companheiro de Isael no Cazaquistão
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Astro russo Arshavin é companheiro de Isael no Cazaquistão

A principal estrela do Kairat é o atacante russo  Andrey Arshavin , de 36 anos de idade e que brilhou com a camisa do Arsenal entre 2009 e 2013. Ele está desde 2016 no Cazaquistão. E Isael confessa que já teve atrito com o experiente jogador.

"Arshavin tem muito nome aqui, já tem certa idade e é titular da equipe. Sempre joga. Ele não é de falar muito e eu também sou mais na minha. Já rolaram até uns conflitos entre a gente, então não tenho muito essa relação de amizade com ele, é uma pessoa difícil de lidar. Mas é um cara tranquilo, bem na dele, típico russo, fechadão, aquele cara frio", revelou.

"Quando encerrar a carreira, dá para falar um pouco mais desses conflitos", brincou o brasileiro.

Casos de racismo

Meia-atacante brasileiro Isael joga no futebol cazaque
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Meia-atacante brasileiro Isael joga no futebol cazaque

Quando atuava no futebol russo com a camisa do Krasnodar, entre 2013 e 2014, Isael contou que sofreu um episódio de racismo no prédio onde morava.

"Já aconteceu de uma moradora do meu prédio na Rússia evitar de entrar no elevador junto comigo. Ela estava esperando o elevador chegar, aí eu saía de casa, o elevador chegava e ela não entrava. Eu descia sozinho", disse.

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"Tem lugares que eu saio aqui e as pessoas te olham meio atravessado. Meu filho estuda na melhor escola da cidade e no começo as pessoas ficavam meio assim, senti um certo preconceito. Mas isso a gente tira de letra", completou o jogador.

O meio-campista lembrou também que chegou a ser seguido por seguranças enquanto fazia compras. "Aqui o pessoal não está acostumado com esse negócio de tatuagem, e eu tenho muitas. Quando cheguei aqui no verão, eu ia no mercado, por exemplo, de regata, bermuda, chinelo. Os seguranças me seguiam, ficavam falando no rádio e tal", disse.

Medo de ser preso

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Meia-atacante brasileiro Isael joga no futebol cazaque

Os jogadores brasileiros que vão se arriscar em centros menores do futebol europeu costumam passar alguns perrengues. E com Isael não foi diferente. Na Rússia, ele viveu momentos de tensão no aeroporto, ficando com medo até de ser preso ou deportado para o Brasil.

"Tive uma lesão e fui tratar na Alemanha, e quando retornei à Rússia meu visto vencia naquele dia. Eu não falava nada de russo, não falava inglês, a polícia me parou e eu não sabia me comunicar. Não conseguia falar com o tradutor e quando falei com ele, resolvemos tudo e me liberaram. Foram uns minutos de tensão, achei que seria preso ali mesmo. Ou me mandar de volta para o Brasil. Foi um perrengue na hora, mas hoje é engraçado contar", lembrou.

Ele quer ver a Copa

O Cazaquistão faz fronteira com a Rússia e, como a Copa do Mundo deste ano será por lá, o jogador pretende arranjar uma folga para acompanhar a seleção brasieleira de perto. "Estou do lado da Rússia. Até conversei com os jogadores e, se tiver uma pausa no campeonato, pretendo ir assistir um jogo do Brasil. Vamos ver. Acredito que o Brasil leva esse hexa".

O jogo que o cabelo congelou

O jogo que o cabelo do brasileiro Isael congelou
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O jogo que o cabelo do brasileiro Isael congelou

Isael contou à reportagem do iG sobre um dos jogos mais marcantes da sua carreira. E não foi um jogo com placar favorável para o time dele. "Esse dia estava -20ºC. O jogo deveria ter sido cancelado, mas a Federação falou que tinha que acabar o campeonato nesse dia, era a final da Copa". disse

"Esse dia foi sacanagem, até o cabelo congelou. Perdemos de 1 a 0. Criamos demais, metemos bola na trave e no único ataque deles, a bola parou na neve e o atacante deles fez o gol. Tinha dois amigos meus que vieram do Brasil ver. Quase congelaram na arquibancada. No segundo tempo até desceram para uma salinha dentro do estádio para assistir, era muito frio".

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Apesar da derrota nesta partida, o brasileiro teve uma excelente atuação e foi eleito o melhor em campo. "Até nesse jogo o Maldini (ex-zagueiro italiano), amigo do presidente do clube, me presenteou com uma camisa dele dando os parabéns pelo bom jogo que eu fiz", finalizou Isael.

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