Depois da primeira das três visitas monitoradas de uma empresa que faz a avaliação independente do Gestão de Campeão – Prêmio de Excelência do Futebol Brasileiro , o cenário dos clubes participantes se mostrou preocupante. O programa foi lançado no fim de 2016 e é uma iniciativa para estimular melhores práticas fora de campo, algo muito pedido pelo Movimento por um Futebol Melhor.

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Atletas da categoria sub-11 do Santos. Levantamento mostra que clubes ainda pecam quando o assunto é a base
Pedro Ernesto Guerra Azevedo / Santos FC
Atletas da categoria sub-11 do Santos. Levantamento mostra que clubes ainda pecam quando o assunto é a base

“Esse é um programa com uma visão de longo prazo, sendo que as ações serão implementadas de forma gradativa pelos clubes. Já é possível percebermos com os resultados parciais que grande parte dos clubes está reagindo de maneira consistente com melhorias significativas em relação ao início do programa”, avalia Alexandre Rangel, sócio de consultoria da Ernst & Young (EY), empresa responsável pela avaliação e que participa do projeto.

Foram seis pilares analisados na visita: Gestão e Planejamento, Administração e Finanças, Comercial e Marketing, Futebol Profissional, Categorias de Base e Sócio Torcedor. Dentro dos pilares, estão divididos 26 tópicos que carregam 310 itens para a avaliação que definirá o ranking das melhores gestões do futebol brasileiro.

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“Ainda que o caminho se mostre muito longo, estamos otimistas com a reação dos clubes. Todos eles estão cientes da importância da prática de uma administração sadia e abertos a nossa ajuda e da EY”, disse Fred Fontes, gerente de marketing esportivo da Ambev, empresa que participa do Movimento por um Futebol Melhor.

Clubes avaliados

Palmeiras, Santos, Ponte Preta, Atlético-GO, Goiás, Juventude, Fortaleza, Ceará, Cruzeiro, Atlético-MG, Vitória, Coritiba, Flamengo e Fluminense foram os clubes analisados nesta fase do programa.

Os primeiros dados levantados apontam que quase 80% dos diretores de futebol de alguns dos principais clubes do Brasil não acompanham os treinos das equipes profissionais e de base de suas agremiações. O dado foi obtido durante as visitas dos consultores da EY aos 14 clubes participantes em 2017. Outras duas análises serão feitas até janeiro de 2018.

Em gestão, o levantamento aponta que 71% dos clubes não possuem metas formalmente documentadas. Nenhum dos clubes do programa tem planos de ação definidos caso as metas não sejam atingidas, ainda que 86% deles tenham um organograma definido.

Em administração e finanças, 93% dos clubes não possuem regras para despesas de viagem, hospedagem e alimentação e 39% deles não possuem controle das contas de água de energia. Outro dado: 71% não controlam os bens patrimoniais de suas sedes ou centro de treinamento. Só metade dos clubes possui política de benefícios (VR, plano de saúde e VT) em vigor para funcionários, mas nenhum deles realiza pesquisa de satisfação entre os empregados. No mesmo item, 86% não possuem estrutura de cargos e salários definida.

Em marketing, 57% dos clubes não monitoram os acessos aos sites dos clubes para traçar perfis e potenciais ações e 64% não buscam novos licenciados para aplicação e uso da marca do clube. A mesma porcentagem dos clubes fazem ações sociais beneficentes com regularidade.

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Na base, 57% dos clubes não monitoram a frequência e o rendimento escolar dos seus jogadores de categorias inferiores. Na mesma linha, 79% não oferecem cursos de idiomas ou informática e 64% deles não possuem apoio psicológico para os alunos.

Em relação ao sócio-torcedor, apenas um dos 14 clubes analisados dispõe de dados demográficos que contenham a concentração e 93% deles não conseguem ter dados efetivos sobre o que leva um torcedor comum a aderir ao plano de sócio-torcedor.

Veja os dados do levantamento

Quase 80% dos diretores de futebol não acompanham os treinos dos times profissionais e de base;

71% não têm metas de gestão formalmente documentadas;

Nenhum clube faz acompanhamento formal das metas estipuladas;

86% não têm estruturas de cargos e salários definidos;

93% não têm regras para despesas de viagem, hospedagem e alimentação;

61% fazem controle das despesas de água e energia elétrica;

50% dos clubes não têm política de benefícios (vale-refeição, plano de saúde etc) para funcionários;

Nenhum clube faz pesquisa de satisfação entre seus funcionários;

64% dos clubes não fazem planejamento anual de marketing com metas definidas;

57% não realizam pesquisas que orientem a atuação do departamento de marketing;

57% dos clubes não acompanham o desempenho escolar de seus atletas das categorias de base;

79% não oferecem cursos de idioma e 64% não oferecem apoio psicológico para os jogadores da base;

93% dos clubes não dispõem de dados demográficos detalhados sobre seus sócio-torcedores


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